terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Quem ou o que é um ‘’Nacional-Bolchevique’’?

Por Peter Wilberg




Um propagandista de um novo Grande Império Russo?

Um Leninista dogmático ou um cultuador de Stalin?
Um hitlerista ‘’Nacional-socialista’’ ou simplesmente nazista?
Um ateísta ou materialista?



A resposta é não, não, não, não e mais uma vez não!

Um verdadeiro nacional-bolchevique é qualquer um que acredita que todas as nações-grandes ou pequenas deveriam ser governadas diretamente por aqueles e para aqueles que fazem a ’maioria’ (Que é o sentido literal da palavra russa ‘Bolchevique’) e não serem governados por uma minuscula minoria de déspotas estatais, parlamentares fantoches ou banqueiros corruptos e burocratas, que apenas servem o Império do Dinheiro do Sistema Financeiro Capitalista Internacional.

O papel do Bolchevismo em cada nação, hoje é trabalhar para os interesses da maioria (Bolcheviques), por exemplo, os 99% e em particular, libertar essa maioria da servidão do sistema global atual de bancos.

Isso clama pela criação de novos tipos de ‘’Bancos Populares’’, tanto comunal quanto Nacional, providenciando dinheiro livre de juros que compense as necessidades da maioria das pessoas comuns e não as necessidades de 1% de banqueiros super-ricos.

Bancos comerciais privados podem e criam ‘’dinheiro do nada’’ a cada segundo apenas fazendo com que o dinheiro virtual entre nas contas de mutuários. Dinheiro que conta como dinheiro deles e assim fazem com que eles tenham prodigiosos lucros através do comercio de especulação.

Eles constituem um Império de dinheiro que governa as politicas de todas as nações, no qual todos os impérios políticos não são nada mais do que um instrumento, e que seu único deus é o deus do dinheiro.

Se bancos privados podem criar dinheiro virtual, os Bancos Populares também poderiam, porém, a principal diferença é que o dinheiro criado por esses bancos iria pertencer ao povo e a comunidade, e assim os governos poderiam gastar dinheiro nos interesses do povo(a maioria) e não para o lucro privado de poucos.





terça-feira, 12 de maio de 2015

Manifesto Ecossocialista Brasileiro


1) Os ecossocialistas procuram resgatar a herança histórica de luta da humanidade pela justiça social, pela democracia como valor essencial e pelo direito à diferença (de gênero - Homem-Mulher -, da diversidade cultural dos povos e de opções sexuais, religiosas). Afirmam que, como parte dos movimentos que entram em luta por novas formas de relações sociais (socialistas), entram em luta também por novas formas de relação do ser humano com a natureza. Nesse sentido, não somos nem socialistas no sentido estrito, nem ecologistas em sentido estrito: somos ecossocialistas.
2) O "socialismo realmente existente", ao propor a primazia do desenvolvimento das forças produtivas em detrimento de novas relações sociais que permitissem o livre desenvolvimento do ser humano e a proteção do meio ambiente, reproduziu na prática características da sociedade capitalista que pretendia superar.
3) A crise na qual está imersa a humanidade não se restringe ao campo do econômico, mas abrange todo um processo civilizatório com suas crenças e seus valores, inclusive a crença de que a economia é a base da felicidade humana. Daí a necessidade de se repensar os fundamentos filosóficos para a construção de uma nova utopia. Entre esses valores que precisam ser repensados e que fazem parte, inclusive, da herança filosófica de grande parte da esquerda está o antropocentrismo.
4) Para os ecossocialistas, as especificidades do homem como espécie biológica que, por exemplo, tem a propriedade de criar cultura e história não são suficientes para autorizar a visão da natureza como objeto a ser submetido. Para os ecossocialistas, o Homem é parte da natureza, aquela que, inclusive, desenvolveu a consciência. Se vivemos numa sociedade em que a espécie humana perdeu essa consciência da sua naturalidade, esta é mais uma dimensão do processo de alienação a que se chegou.
5) Para os ecossocialistas, a defesa da vida não se restringe à defesa da vida humana, mas se estende a todas as formas de vida.
6) O chamado "socialismo científico", construído a partir das visões científicas do século passado (positivismo, evolucionismo, determinismo), da lógica cartesiana e da física newtoniana (mecânica), deve ser dialeticamente superado. Uma nova visão de mundo, holística, não-compartimentalizada, que reconheça que aquilo que a ciência convencional chama de "LEI" e "ORDEM" é apenas uma parte da realidade, da qual o ACASO também faz parte, constitui-se em novo paradigma sobre o qual poderíamos reformular nossa utopia.
7) Os ecossocialistas recusam a tese de que o homem está destruindo a natureza. Essa tese, ao tratar da questão genericamente, dilui as responsabilidades pela atual devastação do planeta. Numa sociedade fundada no lucro e na propriedade privada, a natureza não está igualmente à disposição do ser humano. A propriedade privada da natureza tira, por exemplo, de grande parte da humanidade o direito de decidir o que dela vai ser feito. Assim, vivemos numa sociedade que gera riqueza (questionável) para poucos, miséria para muitos e degradação ambiental para todos, pondo em risco, inclusive, a própria sobrevivência do planeta.
8) Desse modo, os recursos naturais do planeta não podem ser apropriados sob o regime da propriedade privada com poderes absolutistas do proprietário, mas sim de forma coletiva, democrática, em sintonia com o meio ambiente, e solidária com as gerações futuras.
9) Nesse sentido, é necessário mudar a relação ser humano-natureza, buscando uma relação harmoniosa preocupada com o futuro do planeta. Os interesses dos segmentos, grupos classes, povos e nações têm que ser compatibilizados com o meio ambiente. Para os ecossocialistas, os interesses dos explorados e oprimidos devem ser pensados para além do corporativismo, e para isso é preciso que incorporemos um projeto que seja do interesse de toda a humanidade e de defesa da(s) vida(s) e do planeta. A visão holística inerente aos ecossocialistas é fundamental na superação efetiva do corporativismo, pois implica reconhecer o outro como outro na sua diferença.
10) Para os ecossocialistas, um meio ambiente saudável é incompatível com o capitalismo nas suas duas vertentes, a neoliberal e a social-democrata. A preocupação com o enriquecimento imediato, inerente à lógica do MERCADO e do LUCRO, deve deixar de constituir a base dos valores da humanidade. A separação do homem da terra está na origem e no cerne da sociedade capitalista. Só assim foi possível a mercantilização generalizada dos homens (proletarização) e da natureza. A lógica do mercado, que pressupõe a divisão do trabalho, levou a uma extrema especialização tanto produtiva como do conhecimento. A lógica da concorrência impôs ritmos intensos ao processo de produção, incompatíveis com os fluxos de matéria e energia de cada ecossistema (que ficaram dependentes de insumos energéticos externos), com o equilíbrio psicoafetivo do trabalhador (vide Chaplin em Tempos Modernos) e com os ritmos próprios à vida de cada povo e cultura. Nesse sentido, capitalismo e desenvolvimento auto-sustentável são incompatíveis.
11) A queda do Muro de Berlim e da burocracia com suas políticas secretas sepultou o modo coletivista do Estado autoritário e centralizado, mas não os princípios e os fundamentos de um igualitarismo socialista democrático.
12) No entanto, para a opinião pública mundial ficaram abalados os princípios da supremacia do coletivo sobre o individual e do plano sobre o mercado. Impõe-se a necessidade de repensarmos a relação entre o individual e o social, entre o público e o privado. A luta contra a desigualdade, por exemplo, não é uma luta pela igualdade no sentido estritamente econômico-social. É uma luta para que todos tenham condições iguais para afirmar suas diferenças. Os ecossocialistas recusam uma visão do social que anule o indivíduo. Queremos um social que incorpore a visão de que cada indivíduo é singular, tem a sua originalidade. Queremos um social que permita o desabrochar da criatividade que existe em cada ser humano. Queremos um socialismo (e não um social-ismo) que seja assinado na primeira pessoa, em que cada um se sinta estimulado e responsável individualmente pela sua construção. Não confundimos afirmação da individualidade com individualismo, como, de certa forma, a esquerda até hoje veio fazendo. Como a questão do indivíduo era confundida com o individualismo burguês, ela foi negligenciada e recalcada. No entanto, como ela é parte constitutiva do homem moderno e não era explicitada no seio da esquerda, a questão do indivíduo veio se manifestando de uma maneira perversa por meio dos diversos cultos à personalidade. Aquilo que era negado à maioria sob o pretexto de que se constituía num princípio burguês passou a ser privilégio de alguns poucos (quase sempre do secretário-geral).
13) No entanto, os ecossocialistas propugnam por ampliar radicalmente os espaços das liberdades coletivas e individuais, não restringindo as especificidades do desenvolvimento afetivo, psicológico e cultural.
14) Em uma sociedade em que o poder e a economia estão extremamente centralizados, monopolizados - como a que vivemos, tanto em nível nacional como internacional -, não é possível deixar exclusivamente às forças do mercado a formação dos valores, dos gostos e dos preços. O mercado não gosta dos miseráveis e a justiça social não é mercadoria que dê lucros imediatos. Não queremos trocar o ESTADO TOTAL pelo MERCADO TOTAL. É preciso mesmo indagar-se se existe mercado numa economia oligopolizada.
15) Afirmamos que os princípios da autogestão, da autonomia, da solidariedade (inclusive com as gerações futuras), da defesa da(s) vida(s) e das liberdades, do desenvolvimento espiritual e cultural dos indivíduos e dos povos e das tecnologias alternativas, libertos das amarras do produtivismo e do Estado autoritário, ajudarão a semear e robustecer a utopia transformadora ecossocialista e libertária.
16) Uma das decorrências do antropocentrismo (na verdade, do homem europeu, logo do eurocentrismo) foi (e é) o produtivismo. A crença num homem TODO-PODEROSO que tudo pode submeter está na base da idéia de progresso do mundo moderno. O PROGRESSO entendido como aumento da riqueza material, medido por meio do PIB, impregnou as consciências, inclusive a de muitos que se pensam críticos da sociedade dominante. Para os ecossocialistas, o capitalismo não é somente um modo de produção. É também um modo de vida, um determinado projeto civilizatório, um modo de ser para o ser humano. Não cabe simplesmente questionar o modo de produção-distribuição do capitalismo. Se o capitalismo não permite que todos tenham automóveis, nós, os ecossocialistas, não lutamos para que todos tenham um, pois isso só socializaria o congestionamento. Assim, não questionamos somente o modo como se produz e para quem. Incorporamos à nossa crítica também o BEM-ESTAR. Queremos um BEM-VIVER, que vai além do conforto material. SEM MEDO DE SER FELIZ.
17) Assim, os ecossocialistas questionam os padrões culturais de consumo que são condicionados pelo modo de produção. Diferenciamo-nos dos demais ecologistas, pois não ficamos na crítica ao consumismo, uma vez que esta é a face aparente de uma sociedade que, no fundo, é produtivista. O produtivismo-consumismo é, por sua vez, filho direto dos valores antropocêntricos que a sociedade capitalista leva ao paroxismo com sua visão da riqueza imediata, do lucro e da extrema fragmentação/especialização da produção, inclusive da produção do conhecimento.
18) A crítica ecossocialista da matriz produtivista-consumista dos atuais modelos de desenvolvimento predatórios, embotantes e desumanos se dirige também à proposta de "crescimento zero" ou do anticonsumismo monástico para o Terceiro Mundo. Propomos, sim, um redirecionamento da produção-consumo que vise prioritariamente a superação da miséria, tanto material como espiritual, e uma gestão democrática dos recursos. Para os ecossocialistas, a produção não é um fim em si mesma, mas um meio para a efetivação de uma sociedade igualitária baseada na radicalização democrática (que combina democracia direta e representativa).
19) A tese do "crescimento zero" demonstrou toda a sua fragilidade sobretudo na última década de recessão e desemprego, com queda do PIB. Mesmo nesse contexto, a degradação ambiental só fez progredir. Nada temos contra o crescimento se ele for baseado na proteção da natureza e na gestão democrática dos recursos. O crescimento do ser humano não pode ser reduzido ao consumo de bens materiais. Não queremos substituir o SER pelo TER. Essa é a utopia capitalista.
20) Para os ecossocialistas, o trabalhador não se define como "mão-de-obra" ou "força-de-trabalho", mas como um ser humano pleno e complexo, com direitos integrais de cidadania. Não reduzimos o ser humano ao mundo da produção, nem tampouco à sua dimensão econômica. A economia é apenas um instrumento a serviço da sociedade, e não o contrário, como acontece no capitalismo, e, portanto, deve estar subordinada democraticamente aos cidadãos.
21) Os ecossocialistas não entendem que os proletários fabris e rurais sejam os únicos agentes da transformação social. Há um movimento real, constituído por diferentes movimentos sociais, que procura suprimir o estado de coisas existentes. São pessoas que pelas mais diferentes razões rompem a sua inércia e vêm para o espaço público construir novos direitos.
22) Os ecossocialistas propõem novos critérios para a elaboração da contabilidade nacional, em que sejam computados os custos da degradação do meio ambiente, como, por exemplo, a perda da biodiversidade, do fundo de fertilidade da terra (e da água), dos mananciais. A poluição é um claro exemplo de socialização dos prejuízos e da privatização dos benefícios. Para nós são indicadores do desenvolvimento o tempo livre e o avanço cultural do povo e, para isso, é fundamental retomar a luta pela diminuição da jornada de trabalho. Não existe nenhum limite natural para a jornada de trabalho. Ele é claramente político e é o resultado das lutas de classes. Entendemos que o trabalho é uma necessidade e, como tal, deve ser democraticamente gerenciado e reduzido para que o homem possa ser livre.
23) A sociedade americana, paradigma de desenvolvimento na ótica dominante, no seu afã produtivista-consumista, chegou à insana condição de, com apenas 6% da população mundial, consumir 25% da produção mundial do petróleo. Desse modo, se 24% da população mundial tivesse o padrão cultural da sociedade norte-americana, consumiria 100% do petróleo mundial. Esse modelo se mostra, assim, definitivamente, não só devastador-poluidor como também excludente socialmente. Se na utopia capitalista a felicidade deve ser alcançada por meio do consumo de bens materiais com todas as conseqüências já apuradas, nós, ecossocialistas, propugnamos a luta por um redirecionamento do que seja riqueza que incorpore, inclusive, a dimensão ética, pois deve ser estendida a todos os seres humanos e se pautar no direito à vida de todos os seres vivos. A sociedade moderna surgiu apoiada numa ética do trabalho, que, no entanto, vem sendo substituída pela ética do consumo. É preciso superarmos, dialeticamente, a ambas.
24) a ciência e a tecnologia são indispensáveis para a construção da sociedade ecossocialista, em que haja a superação do desperdício e da devastação e a diminuição da jornada de trabalho (o tempo livre). Todavia não podemos cair no mito nacionalista de que a ciência e a tecnologia são os únicos motores para se alcançar tal fim. É a própria noção de riqueza e trabalho que precisa ser reelaborada. Outras sociedades, menos complexas tecnologicamente do que a nossa, foram capazes de subordinar o trabalho e não se escravizar a ele.
25) A luta pela construção do ecossocialismo passa, necessariamente, pela invenção de novas tecnologias e por uma apropriação crítica do complexo tecnológico hoje à disposição da humanidade. Nesse sentido, devemos estar atentos e abertos a todo o complexo científico-tecnológico que o conhecimento humano produziu e, sobretudo, saber adequá-lo às particularidades socioculturais de nosso povo, tanto para recusá-lo como para dele nos apropriar.
26) Até agora o movimento popular e sindical tem se preocupado com a questão tecnológica basicamente por seu impacto no (des)emprego, com ênfase nas conseqüências da robótica e da informática. Esse é um aspecto importante e por intermédio dele é possível perceber com clareza que a redução da jornada de trabalho se constitui numa bandeira extremamente moderna e atual. No entanto, há um outro lado da questão que precisa ser aprofundado: em muitos casos o trabalhador tem vendido a sua saúde (insalubridade como adicional no salário) em vez de lutar pela despoluição das fábricas e dos processos de produção, deixando intacta a matriz tecnológica do capital. Os ecologistas lançam junto aos sindicatos e à classe trabalhadora a luta política pelas tecnologias limpas e um ambiente de trabalho saudável, tanto no aspecto bio-físico-químico como no psicossocial. Devemos, pois, assumir a luta por tecnologias que minimizem o impacto agressivo sobre a saúde e a vida de quem produz e o meio ambiente, patrimônio da população e base de sua qualidade de vida. A luta pela substituição das tecnologias sujas que usam o benzeno, o mercúrio, o ascarel, o asbesto, os agrotóxicos e o jateamento de areia (nos estaleiros, por exemplo), entre outros, supõe o aumento da consciência de classe e, por incorporar a dimensão ecológica, torna-se uma questão de interesse de toda a humanidade, contribuindo para superar o corporativismo. Ambientes de produção ecologicamente seguros são condição preliminar para que todo o ambiente seja despoluído. O segredo comercial, normalmente invocado pelo capital para não revelar a composição química de seus produtos, não pode estar acima da vida.
27) As chamadas tecnologias limpas não se resumem ao tratamento da saúde, dos efluentes e dos despejos, mas implicam a despoluição de todo o processo de produção em todas as suas fases. O ecossocialismo não quer limpar a atual organização do processo produtivo sem alterar seus princípios e sua lógica de funcionamento. Não queremos pintar de verde a fachada do prédio do capitalismo predatório, mantendo inalterada sua lógica de exploração, exclusão e desigualdades. Assim, a bandeira das tecnologias limpas deve se associar às transformações na estrutura da propriedade, de distribuição e da natureza do consumo final.
28) Para efetivar esta bandeira torna-se fundamental uma articulação entre a comunidade científica, o movimento ambientalista e o movimento popular e sindical. Isolados estes, as teses ficam nas gavetas e a chantagem patronal joga trabalhadores e ecologistas uns contra os outros. São os trabalhadores que vivem cotidianamente submetidos às piores condições ambientais, tanto no seu local de trabalho como em sua moradia. É preciso, no entanto, romper com o corporativismo que opõe trabalhadores de um lado e ambientalistas e cientistas de outro. Se os trabalhadores, por exemplo, não têm onde morar e, constrangidos, invadem áreas de interesse público, como mananciais, é preciso afirmar que nesse caso a questão habitacional torna-se de interesse público e haveremos de buscar alternativas para que os trabalhadores tenham um teto e o manancial seja preservado. Assim, é preciso reverter o corporativismo e a alienação a ele vinculada, aprofundando a luta política, cimentando a concepção de uma nova sociedade fundada em um outro tipo de desenvolvimento tecnológico.
29) Os ecossocialistas propugnam pela reciclagem dos resíduos e materiais, pela descentralização geográfica da economia e da política, pelo combate ao desperdício e à obsolescência precoce planejada do produto. A durabilidade deve se constituir num critério de qualidade do produto. Estas são bandeiras que devem estar associadas à luta contra a pobreza (material e simbólica), contra a concentração de terra e renda e contra a dependência externa.
30) A conversão gradual do complexo militar e industrial para uma economia voltada para um desenvolvimento autogerido, democrático e sustentável deve ser acompanhada pela transformação radical dos critérios de investigação de ecotécnicas, tecnologias economicamente eficientes, poupadoras de energia, descentralizáveis (tanto no plano técnico como no político), ecologicamente seguras e capazes de serem apropriadas e geridas pelo trabalho coletivo.
31) A tendência atual do capitalismo de diminuir cada vez mais o número de trabalhadores do processo de produção material, aumentando enormemente a capacidade de produção, tem como um dos sustentáculos a manipulação do desejo, a fabricação capitalista da subjetividade por meio da mídia, sobretudo da televisão. Este tem sido um poderoso instrumento político dos grandes monopólios. A democratização dos meios de comunicação torna-se essencial. Pela "Reforma Agrária do AR".
32) A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade em todos os níveis é fundamental para que criemos um complexo científico-tecnológico que contribua para um desenvolvimento ecologicamente seguro, voltado para o interesse comum e a soberania dos povos. Só com um estreitamento profundo da universidade com os interesses da grande maioria do povo será possível quebrar o mito da neutralidade das forças produtivas. A busca de um paradigma filosófico e científico não-reducionista é parte da luta por uma universidade de qualidade e voltada para o interesse comum.
33) Um projeto ecossocialista pressupõe as reformas agrária e urbana, que devem ser pensadas na sua articulação com a matriz energética. O incentivo às formas de geração de energia descentralizadas como miniusinas, biodigestores, eólica (vento) e solar é importante no sentido de democratizar o acesso à energia sem aumentar a pressão sobre a atual matriz energética, esta sim excludente, com vistas a possibilitar o desenvolvimento de pequenas e médias cidades. Essa preocupação não deve nos omitir das responsabilidades referentes aos problemas das grandes cidades, exigindo a proteção das encostas, dos mananciais e fundos de vales, a primazia do transporte coletivo sobre o individual, o uso do gás como combustível, as ciclovias, a reciclagem do lixo urbano e outras propostas.
34) Na sociedade atual há um verdadeiro culto à centralização, à concentração e ao que é grande (ao maior) sob o pretexto de que seriam mais eficientes. Combatemos radicalmente esse princípio, não por um culto ingênuo ao pequeno, ao menor, mas sim pela hierarquização e centralização do poder que os MEGAPROJETOS comportam. O limite de tamanho é desigual para as diferentes atividades e sociedades e não é uma questão de ordem exclusivamente técnica, embora comporte, como tudo, um lado técnico do fazer. Como tal, o limite do tamanho é sobretudo do campo político e, assim, deve ser estabelecido a partir de uma base democrática e autogestionária. Não é difícil perceber a íntima relação entre os MEGAPROJETOS no Brasil (Tucuruí, Jari, Carajás, Angra I e II, Itaipu...) e o suporte autoritário que os criou. E aqui não devemos confundir o autoritarismo com sua fachada aparente que foi a ditadura militar, mas, sobretudo, ver os vínculos profundos que mantém com o capital monopolista.
35) Os ecossocialistas lutam pelo desenvolvimento de formas democráticas e participativas de gestão em todos os níveis, desde o local de trabalho até o Parlamento, por meio da combinação da democracia direta e da representativa. Acreditamos ser esta uma forma evoluída de gestão política e administrativa. Os cidadãos trabalhadores devem ter uma noção geral dos problemas e participar criativamente das soluções, substituindo a visão fragmentária por uma visão holística (que se preocupa com a relação das partes entre si, das partes com o todo e com a relação do TODO retroagindo sobre as partes). Para isso são necessários tanto um processo educacional que, ao mesmo tempo que estimule o senso crítico e a criatividade, vise o interesse público como uma radical democratização dos meios de comunicação. Sem essas condições as mudanças no regime de propriedade e nas formas de gestão, que estão associadas, ficam comprometidas.
36) Para os ecossocialistas uma nova ética revolucionária é precondição de uma nova política: os FINS não justificam os MEIOS. As práticas autoritárias, machistas, elitistas, militarizadas e predatórias só fundamental uma falsa transformação, sem a afirmação de novos valores para uma nova sociedade.
37) Essa nova ética ecológica planetária é incompatível com a exportação de lixo químico dos países ricos para os países periféricos e inconciliável com os testes nucleares que transformam o planeta em laboratório e a população em cobaia. Sobretudo agora, quando caiu o Muro e com ele toda a lógica da Guerra Fria e sua corrida armamentista, torna-se necessária a desnuclearização do mundo para que a política não fique submetida àqueles que têm o poder de definir a morte. A queda da burocracia no Leste Europeu, saudada por todos os verdadeiros socialistas, deixou, por outro lado, o imperialismo de mãos livres para apertar o botão.
38) Defendemos uma nova divisão internacional do trabalho radicalmente diferente da atual, em que os países ricos se reservam as tecnologias de ponta, como a robótica, a biotecnologia, a química fina e o laser, e relocalizam no Terceiro Mundo as indústrias sujas, altamente degradadoras do meio ambiente e consumidoras de energia, inclusive do próprio homem. Uma nova ética ecológica planetária supõe intercâmbio, cooperação, paz, solidariedade e liberdade no lugar da hipocrisia do nacionalismo chauvinista que justifica as próprias agressões praticadas por cada governo e empresas contra suas próprias populações e seu meio ambiente. O direito à autodeterminação dos povos não pode ser invocado para destruí-los, assim como suas fontes naturais de vida. Um novo conceito de soberania é necessário, incorporando uma ética ecológica.
39) O ecossocialismo não se constrói num só país nem numa só direção. A solidariedade entre todos aqueles que são negados em sua humanidade, por serem explorados e oprimidos, se faz pelo reconhecimento de que formamos uma mesma espécie, cujo maior patrimônio é nossa diferença cultural. Uma posição verdadeiramente revolucionária, ecossocialista, reconhece que habitamos uma mesma casa, o planeta Terra, que, por sua vez, vem sendo ameaçado por um internacionalismo fundado no dinheiro e no lucro e por um poder altamente concentrado: o IMPERIALISMO.
40) Os ecossocialistas entendem que é necessário romper com a idéia restrita de revolução, originária da mitológica tomada de assalto do poder, militarizada e, por sua vez, derivada de uma restrita visão do Estado. Afirmamos que inexiste o tal corte absoluto mistificado na história, uma vez que o processo de transformação social é composto não por uma, mas por várias rupturas, descontinuidades, desníveis e disfunções. No entanto, numa sociedade em que o poder está hierarquizado, do cotidiano familiar ao aparelho de Estado, passando pelos locais de trabalho, as diversas rupturas nos diversos níveis têm contribuições diferenciadas, embora todas essenciais num verdadeiro processo de transformação, aliás em curso. Aqui se faz necessária, mais uma vez, uma visão que dialetize a relação entre as partes e o todo. Os debates acerca dessa questão vêm ganhando maior profundidade no seio da esquerda. Mesmo aqueles que procuram afirmar a idéia de uma ruptura têm apontado que ela implica o estabelecimento de novas relações entre o Estado e a sociedade civil, entre partidos e sindicatos e demais movimentos populares. Apontam que o socialismo se torna uma necessidade reconhecida pela população quando no processo de luta evidenciamos os limites de desenvolvimento capitalista. Esses limites são evidenciados, por sua vez, quando a burguesia rejeita propostas humanização em geral, em particular no tocante à socialização da propriedade. Desse modo, a ruptura deve ser entendida como o resultado prático e teórico da dialética reformas / revolução. Nesta dialética é fundamental, portanto, entender que a teoria e a prática para uma sociedade socialista devem existir já a partir do capitalismo, embora condicionada pelos limites e barreiras dessa sociedade. Aí são fundamentais, por exemplo, os Conselhos Populares. Estes devem ser organizações da sociedade civil autônomas em relação ao Estado e aos partidos, atuando como verdadeiros laboratórios de construção de hegemonias. Assim, a democracia socialista não é simplesmente a negação da democracia capitalista, mas sim a sua superação. Se a democracia é um valor estratégico, como acreditamos, e não tático, e o poder não se localiza em um lugar restrito, como no aparelho de Estado, por exemplo, devemos instituir práticas democráticas em todos os lugares de interesse público, inclusive nas unidades de produção (empresas / locais de trabalho), o que implica repensar o regime de propriedade. Afinal, assim como os fluxos de matéria e energia dos ecossistemas e mesmo da sociedade transcendem as fronteiras nacionais, o mesmo ocorre com as cercas e fronteiras da propriedade privada.
41) Por fim, a atual crise que afeta a humanidade expressa na descrença com relação ao futuro, no hipocondrismo, no alcoolismo, na violência cotidiana, no estresse, na apatia e no consumo indiscriminado de drogas em geral mostra a decadência do atual modelo de desenvolvimento. Repudiamos a militarização do combate às drogas que vem substituindo a antiga caça aos comunistas. A militarização no combate às drogas acaba por escamotear a verdadeira questão: o esvaziamento do sentido da vida, a instrumentalização mercantilizada do desejo, a vida sem direito a fantasias típicas da sociedade que transformou a liberdade "numa calça velha, azul e desbotada", conforme um anúncio publicitário. Nós, ecossocialistas, reconhecemos que, se é, num certo sentido, verdadeiro que ninguém vive de fantasia, também é verdadeiro que a dimensão da fantasia é inerente à vida. Assim, repudiamos a sociedade que reduz a fantasia à sua por intermédio da droga.
Sem medo de ser feliz!
Secretaria Nacional de Movimentos Populares
Subsecretaria Nacional dos Ecologistas do PT



quinta-feira, 26 de março de 2015

Manifesto Ecossocialista Internacional

Brasil, maio de 2003



INTRODUÇÃO

A idéia deste manifesto ecossocialista foi lançada por Joel Kovel e Michael Löwy no painel sobre ecologia e socialismo realizado em Vincennes, cidade próxima de Paris, em setembro de 2001. Todos agüentamos a doença crônica do paradoxo de Gramsci, de viver numa época em que a velha ordem agoniza (levando consigo a civilização) enquanto a nova ordem parece não ser capaz de nascer. Mas, ao menos, pode ser noticiada. A sombra mais obscura que se apresenta sobre o presente não é o terror, nem o desastre ambiental, nem a recessão ou a depressão mundial, senão o fatalismo internalizado que afirma não existir outra possibilidade de ordem mundial que não seja a do capital. Por isso queremos recusar deliberadamente o estado de ânimo atual de submissão inquieta e ascensão passiva.

O ecossocialismo não é ainda um espectro, tampouco está baseado em partido político ou movimento concreto. É somente uma alínea racional que parte de uma determinada interpretação da crise atual e das condiciones necessárias para supera-la. Não temos nenhuma pretensão de onisciência. Pelo contrário, nossa meta é convidar ao diálogo, a discussão, as emendas e, sobretudo, pensarmos como podemos efetivar está idéia. Por todos os lugares do universo caótico do capital mundial surgem espontaneamente pontos inumeráveis de resistência. Muitos são intrinsecamente ecossocialistas em seu conteúdo. Como poderíamos fazer para que confluíssem todos eles? Podemos pensar numa "internacional ecossocialista?” O espectro, poderia chegar a materializar-se? Propomos aos leitores a reflexão e que leitores que respondam a esta indagação.

O Manifesto foi publicado inicialmente como editorial, com dezoito subscrições, na revista Capitalism, Nature, Socialism - A Journal of Socialist Ecology (http://gate.cruzio.com/~cns/backissues/cont49.html), Vol. 13(1), março de 2002. Esta publicação em português é acompanhada da subscrição de 47 assinaturas de ambientalistas brasileiros.

MANIFESTO ECOSSOCIALISTA INTERNACIONAL

O século XXI se inicia com uma nota catastrófica, com um grau sem precedentes de desastres ecológicos e uma ordem mundial caótica, cercada por terror e focos de guerras localizadas e desintegradoras, que se espalham como uma gangrena pelos grandes troncos do planeta África Central, Oriente Médio, América do Sul e do Norte , ecoando por todas as nações.

Na nossa visão, as crises ecológicas e o colapso social estão profundamente relacionados e deveriam ser vistos como manifestações diferentes das mesmas forças estruturais. As primeiras derivam, de uma maneira geral, da industrialização massiva, que ultrapassou a capacidade da Terra absorver e conter a instabilidade ecológica. O segundo deriva da forma de imperialismo conhecida como globalização, com seus efeitos desintegradores sobre as sociedades que se colocam em seu caminho. Ainda, essas forças subjacentes são essencialmente diferentes aspectos do mesmo movimento, devendo ser identificadas como a dinâmica central que move o todo: a expansão do sistema capitalista mundial.

Rejeitamos todo tipo de eufemismos ou propaganda que suavizem a brutalidade do sistema: todo mascaramento de seus custos ecológicos, toda mistificação dos custos humanos sob os nomes de democracia e direitos humanos. Ao contrário, insistimos em enxergar o capital a partir daquilo que ele realmente fez.

Agindo sobre a natureza e seu equilíbrio ecológico, o sistema, com seu imperativo de expansão constante da lucratividade, expõe ecossistemas a poluentes desestabilizadores, fragmenta habitats que evoluíram milhões de anos de modo a permitir o surgimento de organismos, dilapida recursos, e reduz a vitalidade sensual da natureza às frias trocas necessárias à acumulação de capital.

Do lado da humanidade, com suas exigências de autodeterminação, comunidade e existência plena de sentido, o capital reduz a maioria das pessoas do mundo a mero reservatório de mão-de-obra, ao mesmo tempo em que descarta os considerados inúteis. O capital invadiu e minou a integridade das comunidades por meio de uma cultura de massas global de consumismo e despolitização. Ele expandiu as disparidades de riqueza e de poder em níveis sem precedentes na história. Trabalhou lado a lado com uma rede de Estados corruptos e subservientes, cujas elites locais, poupando o centro, executam o trabalho de repressão. O capital também colocou em funcionamento, sob a supervisão das potências ocidentais e da superpotência norte-americana, uma rede de organizações trans-estatais
destinada a minar a autonomia da periferia, atando-a às suas dívidas enquanto mantém um enorme aparato militar que força a obediência ao centro capitalista.

Nós entendemos que o atual sistema capitalista não pode regular, muito menos superar, as crises que deflagrou. Ele não pode resolver a crise ecológica porque fazê-lo implica em colocar limites ao processo de acumulação uma opção inaceitável para um sistema baseado na regra “cresça ou morra!”. Tampouco ele pode resolver a crise posta pelo terror ou outras formas de rebelião violenta, porque fazê-lo significaria abandonar a lógica do império, impondo limites inaceitáveis ao crescimento e ao “estilo de vida” sustentado pelo império. Sua única opção é recorrer à força bruta, incrementando a alienação e semeando mais terrorismo e contra-terrorismo,  gerando assim uma nova variante de fascismo.

Em suma, o sistema capitalista mundial está historicamente falido. Tornou-se  um império incapaz de se adaptar, cujo gigantismo expõe sua fraqueza subjacente. O sistema capitalista mundial é, na linguagem da ecologia, profundamente insustentável e, para que haja futuro, deve ser fundamentalmente transformado ou substituído.

É dessa forma que retornamos à dura escolha apresentada por Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou Barbárie!”, em que a face da última está impressa neste século que se inicia na forma de eco-catástrofe, terror e contra-terror e sua degeneração fascista.

Mas por que socialismo, por que reviver esta palavra aparentemente consignada ao lixo da história pelos equívocos de suas interpretações no século XX? Por uma única razão: embora castigada e não realizada, a noção de socialismo ainda permanece atual para a superação do capital. Se o capital deve ser superado, uma tarefa dada como urgente considerando a própria sobrevivência da civilização, o resultado será necessariamente “socialista”, pois esse é o termo que designa a passagem a uma sociedade pós-capitalista. Se dizemos que o capital é radicalmente insustentável e se degenera em barbárie, delineada acima, então estamos também dizendo que precisamos construir um “socialismo” capaz de superar as crises que o capital iniciou. E se os “socialismos” do passado falharam nisso, é nosso dever, se escolhemos um fim outro que não a barbárie, lutar por um socialismo que triunfe. Da mesma forma que a barbárie mudou desde os tempos em que Rosa Luxemburgo enunciou sua profética alternativa, também o nome e a realidade do “socialismo” devem ser adequados aos tempos atuais.

É por essas razões que escolhemos nomear nossa interpretação de “socialismo” como um ecossocialismo, e nos dedicar à sua realização.

Por que Ecossocialismo?

Entendemos o ecossocialismo não como negação, mas como realização dos socialismos da “primeira época” do século vinte, no contexto da crise ecológica. Como seus antecessores, o ecossocialismo se baseia na visão de que capital é trabalho passado reificado, e se fortalece a partir do livre desenvolvimento de todos os produtores, ou em outras palavras, a partir da não separação entre produtores e meios de produção. Entendemos que essa meta não teve sua implementação possível no socialismo da “primeira época”. As razões dessa impossibilidade são demasiadamente complexas para serem aqui rapidamente abordadas, cabendo, entretanto, mencionar os diversos efeitos do subdesenvolvimento no contexto de hostilidade por parte das potências capitalistas. Essa conjuntura teve efeitos nefastos sobre os socialismos existentes, principalmente no que ser refere à negação da democracia interna associada à apologia do produtivismo capitalista, o que conduziu ao colapso dessas sociedades e à ruína de seus ambientes naturais.

O ecossocialismo retém os objetivos emancipatórios do socialismo da “primeira época”, ao mesmo tempo em que rejeita tanto os objetivos reformistas da social-democracia quanto às estruturas produtivistas das variações burocráticas do socialismo. O ecossocialismo insiste em redefinir a trajetória e objetivo da produção socialista em um contexto ecológico. Ele o faz especificamente em relação aos “limites ao crescimento”, essencial para a sustentabilidade da sociedade. Isso sem, no entanto, impor escassez, sofrimento ou repressão à sociedade. O objetivo é a transformação das necessidades, uma profunda mudança de dimensão qualitativa, não quantitativa. Do ponto de vista da produção de mercadorias, isso se traduz em uma valorização dos valores de uso em detrimento dos valores de troca um projeto de relevância de longo prazo baseado na atividade econômica
imediata.

A generalização da produção ecológica sob condições socialistas pode fornecer a base para superação das crises atuais. Uma sociedade de produtores livremente associados não cessa sua própria democratização. Ela deve insistir em libertar todos os seres humanos como seu objetivo e fundamento. Ela supera assim o impulso imperialista subjetiva e objetivamente. Ao realizar tal objetivo, essa sociedade luta para superar todas as formas de dominação, incluindo, especialmente, aquelas de gênero e raça. Ela supera as condições que conduzem a distorções fundamentalistas e suas manifestações terroristas. Em síntese, essa sociedade se coloca em harmonia ecológica com a natureza em um grau impensável sob as condições atuais. Um resultado prático dessas tendências poderia se expressar, por exemplo, no desaparecimento da dependência de combustíveis fósseis característica do capitalismo industrial , que, por sua vez, poderia fornecer a base material para o resgate das terras subjugadas pelo imperialismo do petróleo, ao mesmo tempo em que possibilitaria a contenção do aquecimento global e de outras aflições da crise ecológica.

Ninguém pode ler estas recomendações sem pensar primeiro em quantas questões práticas e teóricas elas suscitam e, segundo e mais desesperançosamente, em quão remotas elas são em relação à atual configuração do mundo, tanto no que se refere ao que está baseado nas instituições quanto no que está registrado nas consciências. Não precisamos elaborar estes pontos, os quais deveriam ser instantaneamente reconhecidos por todos. Mas insistimos que eles devem ser tomados na perspectiva adequada. Nosso projeto não é nem detalhar cada passo deste caminho nem se render ao adversário devido à preponderância do poder que ostenta. Nosso projeto consiste em desenvolver a lógica de uma suficiente e necessária transformação da atual ordem e começar a dar os passos intermediários em direção a esse objetivo. O fazemos para pensar mais profundamente nessas possibilidades e, ao mesmo tempo, iniciar o trabalho de reunir aqueles de idéias semelhantes. Se existe algum mérito nesses argumentos, então ele precisa servir para que práticas e visões semelhantes germinem de maneira coordenada em diversos pontos do globo. O ecossocialismo será universal e internacional, ou não será. As crises de nosso tempo podem e devem ser vistas como oportunidades revolucionárias, e como tal temos o dever de afirmálas e concretizá-las.

David Barkin, Arran Gare, Howie Hawkins, Joel Kovel, Richard Lichtman, Peter Linebaugh, Ariel Salleh, Walt Sheasby, Ahmet Tonak, Victor Wallis (Estados Unidos), Laurent Garrouste, Jean-Marie Harribey, Michael Löwy, Pierre Rousset, Bernard Teisseire (França), Charles-André Udry (Suiça), Cristobal Cervantes, José Tapia (Espanha), Renan Vega (Colômbia), Isabel Loureiro, Marcos Barbosa de Oliveira, Renata Menasche (Brasil).

1. Gilney Viana - Secretário Nacional de Desenvolvimento Sustentável Ministério do Meio Ambiente
2. João Bosco Senra - Secretário Nacional de Recursos Hídricos/Ministério do Meio Ambiente
3. Pedro Ivo Batista - Coordenador da Agenda 21 Brasileira Ministério do Meio Ambiente
4. João Alfredo - Deputado Federal PT CE
5. Elvino Bohn Gass - Deputado Estadual PT RS
6. Leandro César Signori - Executiva da SEMAD/PT - RS
7. Temístocles Marcelos Neto - Coordenador da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CUT
8. Darci Campani - Vereador do PT em Porto Alegre e Professor da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
9. Dieter Wartchow - Secretário do Meio Ambiente Porto Alegre - RS
10. Fernando Maia - Secretário do Meio Ambiente Belém PA
11. Alexandre Melo - Secretário de Qualidade Ambiental Pelotas - RS
12. Cecylia Hipólito - Gerente Executiva IBAMA RS
13. Isabel Loureiro - Professora da UNESP Universidade Estadual de São Paulo
14. Marcos Barbosa - Professor da USP - Universidade de São Paulo
15. Luiz Roberto Santos Moraes - Professor da UFBA - Universidade Federal da Bahia
16. José de Castro - escritor e professor aposentado da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
17. André Lima - Professor da UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
18. Francisco Auto Filho - Professor da UECE - Universidade Estadual do Ceará
19. Maurício Waldman - Antropólogo, ex-colaborador de Chico Mendes
20. Vânia Chaigar - Professora substituta da UFPEL - Universidade Federal de Pelotas RS
21. Álvaro Alencar - Executiva da SMAD/PT
22. Alessandro Pires Barcellos - Executiva da SMAD/PT
23. Sérgio Ricardo - Executiva da SMAD
24. Socorro Gonçalves - Ambientalista, Presidenta do Instituto TERRAZUL Fortaleza CE
25. Cimara Machado - ambientalista, Presidenta do CEA Centro de Estudos Ambientais Pelotas - RS
26. Alexsander Pacico - Ex-Superintendente Regional CORSAN RS
27. Ana Leônia de Araújo - Acadêmica de Agronomia CE
28. André Lima - Acadêmico de Economia da Universidade Federal do Ceará e militante da Juventude Alternativa Socialista CE
29. Antonio Soler - Advogado ambientalista, Supervisor do Meio Ambiente/SMAM Porto Alegre
30. Cláudio Brayer Pereira - Assessor do IBAMA RS
31. Cláudio Hiran Alves Duarte - Presidente da AAJ - Associação Americana de Juristas Seção RS
32. Eduardo Santa Helena - Administrador militante do PT RS
34. Geórgia Mocelin - advogada ambientalista RJ
35. Ibero Cristiano Pereira Hipólito - Diretor do Instituto AMA/RN - Comunicação, Meio Ambiente, Cidadania
e Políticas Públicas RN
36. Jaqueline Balconi - Engenheira Química RS
37. Joel Ivo Balconi - Arquiteto Florianópolis SC
38. Josael Jairo Santos Lima - Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará, do Fórum Cearense do Meio
Ambiente e Instituto TERRAZUL
39. Jovanil Oliveira - Geógrafo Fortaleza CE
40. Joyce Enzler - Ambientalista RJ
41. Maurício Pascoal - Coordenador de Educação Ambiental e Desenvolvimento Comunitário da Secretaria
do Meio Ambiente Belém Pa
42. Renato Rosseno - advogado ambientalista Fortaleza CE
43. Ricardo Rover Machado - Ex-Superintendente Regional CORSAN RS
44. Roberto Bannwart Tavares - Cientista Social RJ
45. Ronimar Del Pino - Coordenador de Relações Externas DMLU Porto Alegre RS
46. Rui Porto Rodrigues - Ex- Diretor Superintendente da Fundação CORSAN
47. Sirlanda Selau - ativista da juventude RS

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Manifesto da Nova Resistência


Um Mundo Melhor é Possível

Vezes demais nós das classes trabalhadoras internalizamos a "lógica" canibal de soma-zero do capitalismo. Nós assumimos que para sobreviver precisamos travar uma "guerra de todos contra todos" hobbesiana por terra, comida, bens materiais, vantagens monetárias, posição social e matéria-prima. Trabalhadores de todas as nações são cinicamente postos uns contra os outros pelas classes dominantes, forçados a travar guerras militares e econômicas que são contrárias a nossos próprios interesses de classe.

Através da mídia controlada, a elite dominante até mesmo coloniza nossos pensamentos, compelindo muitos de nós a papagaiar mantras neoliberais sobre supostos "livres mercados" e "livre comércio", sobre "democracia global" e a "guerra global ao terrorismo". Medos de escassez econômica e falsas ameaças internas e externas são usadas para nos arrebanhar em direção a uma mentalidade de que a luta pela vida envolve pisar no próximo ao invés de cooperação e auxílio mútuo. Enquanto a Terra de fato possui recursos limitados, sociedades sadias - que colocam os âmbitos espiritual, cultural e político acima do puramente econômico - assumem uma perspectiva sustentável de longo prazo ou mesmo de estado sólido ("não crescimento") por sobre a ideologia cancerosa e ecologicamente suicida do hipercapitalismo ("destruição criativa"). A Nova Resistência luta por essas sociedades sadias.

As Nações Perdidas/Fundadas da América

A América do Norte é um continente imenso que poderia potencialmente contém centenas, senão milhares, de pequenas nações, enclaves, cidades-estado, comunidades intencionais, tribos nômades e biorregiões. A Nova Resistência reconhece que fatores demográficos e geográficos propelem os norte-americanos a historicamente preferirem sistemas pequenas, descentralizados e em escala humana ao invés de grandes, unitários e centralizados. Estados-Nação verticais e rigidamente definidos com bordas contíguas são imposições antinaturais sobre essa terra tribal primordial. A Nova Resistência favorece ao invés a heterarquia, definida como um "sistema de organização repleto de sobreposições, multiplicidade, ascendências mistas, e/ou padrões divergentes ainda que coexistentes". A heterarquia pode ser aplicado tanto em um contexto político como econômico.

Nós também advogamos por uma confederação norte-americana voluntária de tais unidades políticas para a melhora efetiva da ajuda mútua (por exemplo, auxílio em desastres), defesa comum, comércio justo, e o gerenciamento de infraestruturas em escala maior e questões ambientais.

Nosso Povo: Quem são Eles?

Como os nacionalistas negros, indígenas e chicanos, a Nova Resistência é um movimento dirigido à Liberação Nacional. Nosso povo, como os definimos, são a classe trabalhadora "branca" americana, em que incluímos o proletariado urbano, os pobres do campo, os desempregados ou subempregados ("trabalho precário"), bem como os membros deslocados da classe média. Nós usamos o termo "branco" relutantemente para denotar a vasta gama de americanos de origem européia e aqueles que adotam os mores culturais da "América branca".

A Nova Resistência não defende ou aprova noções pseudo-científicas de supremacia racial, racismo biológico, antissemitismo, pureza racial e eugenia. Nós reconhecemos, porém, que a identidade - não importa como definida - é uma necessidade humana importante e intangível similar à família e a espiritualidade. Nós vemos a identidade em um sentido de nuances culturais e espirituais mais do que de uma forma biológica cruamente reducionista.

Classe vs. Raça

Conquanto a Nova Resistência se define como um movimento de Liberação Nacional, nós não estendemos qualquer lealdade tribal a capitalistas brancos ou seus lacaios. Em qualquer conflito entre o sistema e trabalhadores não-brancos, nós sempre nos aliaremos com estes. Ponto final. E em um mundo pós-capitalista nós juramos coexistência cooperativa e pacífica com todos os outros Povos e reconhecemos seu direito à auto-determinação e justiça econômica.

Enclaves Étnicos

Malcolm X, após sua rejeição do racismo anti-branco depois de sua peregrinação a Mecca, fez a seguinte observação astuta:

"Havia um padrão de cores nas imensas multidões. Uma vez que eu percebi isso, eu passei a observá-lo de perto daí em diante. Ser da América me fez intensamente sensível a questões de cor. Eu via pessoas que se pareciam todas juntas e permanecendo a maior parte do tempo juntas. Isso era totalmente voluntário; não havia qualquer outra razão para isso. Mas africanos ficavam com africanos. Paquistaneses com paquistaneses. E daí em diante. Eu enfiei na minha cabeça que quando eu voltasse eu diria isso aos americanos; que onde verdadeira irmandade existia entre todas as cores, onde ninguém se sentia segregado, onde não havia complexo de "superioridade" ou de "inferioridade" - então voluntariamente, naturalmente, as pessoas do mesmo tipo se sentiam atraídas por aquilo que tinham em comum". (A Autobiografia de Malcolm X, 1965)

É assim, em resumo, que vemos a questão muitas vezes espinhosa de raça e etnia; que as pessoas, se puderem escolher, naturalmente e quase inconscientemente "se auto-segregam" segundo sua identificação étnica e religiosa percebida.

Autonomia Pessoal Nacional

Nós percebemos, porém, que auto-segregação voluntária em enclaves étnicos não é sempre possível ou desejável em certas áreas da América do Norte, especialmente para aqueles de origem mista bem como para aqueles vivendo em cidades cosmopolitanas há muito estabelecidas como Nova Iorque. E a Nova Resistência rejeitar qualquer tentativa - por qualquer grupo - de "limpeza étnica". Em tais áreas altamente misturadas, a Nova Resistência defende uma forma de nacionalidade não-territorial referida como Autonomia Pessoal Nacional

O socialista judaico-russo Vladimir Medem sucintamente definiu APN dessa forma:

"Consideremos o caso de um país composto de diversos grupos nacionais, por exemplo, poloneses, lituanos e judeus. Cada grupo nacional criaria um movimento separado. Todos os cidadãos pertencendo a um dado grupo nacional se uniriam a uma organização especial que realizaria assembléias culturais em cada região e uma assembléia cultural geral para todo o país. As assembléias teriam poderes financeiros próprios: ou cada grupo nacional teria o direito de cobrar impostos de seus membros, ou o Estado alocaria uma proporção de seu orçamento geral a cada um deles. Cada cidadão do Estado pertenceria a um dos grupos nacionais, mas a questão de a que movimento nacional se unir seria uma questão de escolha pessoal e nenhuma autoridade teria qualquer controle sobre sua decisão. Os movimentos nacionais estariam sujeitos à legislação geral do Estado, mas em suas próprias áreas de responsabilidade eles seriam autônomos e nenhum deles teria o direito de interferir nas questões dos outros" (Social-Democracia e a Questão Nacional, 1904).

Anti-Sionismo vs. "Anti-Semitismo"

A Nova Resistência se situa resolutamente no campo anti-sionista. Nós acreditamos que Israel é nada mais que um "porta-aviões" terrestre e imperialista permanentemente encalhado no Oriente Médio, espalhando destruição e subversão por toda a região. Ademais, lobistas sionistas e outros companheiros de viagem - sejam eles judeus, cristãos ou seculares - tem tido um efeito perturbador sobre a vida política e midiática americana. Por essas razões, a Nova Resistência se alia com todos os outros movimentos genuinamente anti-sionistas ao redor do mundo.

O anti-sionismo, porém, não se traduz necessariamente em "anti-semitismo", um termo equivocado normalmente interpretado como se referindo a anti-judaísmo. A Nova Resistência reconhece o direito dos judeus - seja como indivíduos ou dentro de comunidades - a viver em paz e segundo suas próprias tradições. Nós admiramos especialmente aqueles judeus corretos que tem heroicamente assumido para si a missão de se unir à luta anti-sionista. Judeus individuais que se identifiquem primariamente com nossa causa e cultura são sinceramente bem vindos a participar nas atividades da Nova Resistência. Quanto a judeus atualmente residindo no Estado criminosos de Israel, nós os instamos a chegar a uma paz justa e separada com seus vizinhos árabes e a desmontarem completamente todos os instrumentos sionistas de repressão (IDF, Mossad, etc...)

Imigração em Massa vs. o Movimento Orgânico de Povos

A Nova Resistência concorda totalmente com Alain de Benoist quando ele afirmou, "Aqueles que silenciam em relação ao capitalismo não deveriam reclamar da imigração". O regime capitalista neoliberal global é responsável por deslocar milhões de camponeses do Terceiro Mundo de suas terras, roubando seus recursos naturais, e os arrebanhando em horripilantes megacidades ou rumo ao norte para o assim chamado "mundo desenvolvido". Isso é feito de modo a suprir as elites capitalistas com vastas reservas de mão-de-obra barata para reduzir salários e benefícios ainda mais (a "corrida rumo ao fundo do poço"), novos consumidores para substituir consumidores do Primeiro Mundo já saturados de dívidas, e bucha-de-canhão fresca para as legiões imperiais. A Nova Resistência não culpa os migrantes por essa triste situação, os vendo mais como vítimas individuais, a imigração em massa em si como um sintoma da disfunção geral do capitalismo e que a destruição do capitalismo finalmente resolverá o problema da imigração.

Tendo dito isto, nós percebemos que sempre houve ao longo da história o movimento orgânico de povos, e a interação gradual resultante - até a fusão - de culturas não ameaça necessariamente o equilíbrio ambiental e demográfico de nações/comunidades pré-existentes. A Nova Resistência portanto reconhece que no contexto norte-americano, fronteiras e culturas não são completamente estáticas, mas podem ser fluidas e dinâmicas. Nossa visão continental é uma similar a da Europa pré-moderna, exceto com neo-celtas e outras tribos saqueando os restos da velha ordem capitalista, talvez até mesmo acampando na grama não cortada de uma decadente e abandonada Casa Branca.

Buscando as Alturas: Políticas Sociais e Econômicas da Nova Resistência

Nós acreditamos que o sistema capitalista que nós temos hoje precisa ser substituído por algo que realmente fomente uma sociedade civilizada, sustentável e justa, onde a economia seja subordinada ao bem social. A Nova Resistência, portanto, defende as seguintes políticas:

1) A abolição da escravidão salarial e do inquilinismo;
2) A distribuição de terra (ou uma certa quantidade em acres ou como um certos pés quadrados de apartamento) para todos os cidadãos, tornando-a intransferível, dessa forma evitando a acumulação nas mãos de uns poucos privilegiados;
3) Algum tipo de renda anual garantida e rede de seguridade social humana;
4) Saúde universal e gratuita (a medicina e campos relacionados deveriam ser uma vocação, NÃO um comércio);
5) Iniciativas econômicas maiores ou mais complexas do que um pequeno negócio familiar ou fazenda deve ser auto-administrada por trabalhadores, através de conselhos de trabalhadores;
6) O controle coletivo dos "cumes dominantes da economia" (infraestrutura de larga escala ou negócios estratégicos como a mineração), deve ser co-administrada pelos trabalhadores e por representantes do Povo;
7) A implementação ampla de energia verde de baixo impacto (solar, eólica, geotérmica, hidroelétrica em pequena escala) distribuída por uma rede descentralizada com redundâncias embutidas para evitar falhas sistêmicas massivas tais como blecautes;
8) Uma grande ênfase em conservação energética através de uma arquitetura mais inteligente; encorajar o desenvolvimento de outras tecnologias de baixo impacto, tudo desde dirigíveis de carga pesada a impressoras 3D;
9) Coibir o consumismo e a "cultura do carro" com uma ética mais sadia de empréstimos, i.e., programas de partilha de bicicletas e carros;
10) Uma semana de trabalho reduzida e descansos semanais ampliados; redefinir o próprio conceito de "trabalho" para incluir atividades culturais, intelectuais e beneficentes.

NR no exterior: Nossas Políticas Externas e Comerciais

Dito de forma simples, a Nova Resistência acredita que a América deve sair do palco mundial - pelo menos enquanto potência imperialista global. Nós aderimos firmemente à orgulhosa e honrada tradição do isolacionismo defendida por radicais americanos, da direita e da esquerda. De fato nós não devemos "ir ao exterior em busca de monstros para destruir" mas sim ficar em casa e cuidar da obra de Melhoria Nacional (i.e., infraestrutura de baixo impacto, energia verde) e rumo ao bem-estar geral de nosso Povo. Para parafrasear Russell Kirk, sem mais guerras por um barril de petróleo!

Quanto a políticas comerciais, a Nova Resistência rejeita a ideologia neoliberal do "livre mercado" do capitalismo global e convoca ao desmonte de todas as corporações multinacionais, os exploradores desalmados dos trabalhadores do Primeiro e Terceiro Mundo e destruidores do meio-ambiente global. Em seu lugar, nós promovemos o estabelecimento de uma economia autárquica e auto-confiante onde o comércio internacional é limitado apenas àquelas trocas que são justas e mutuamente benéficas e não distorcem, ou de outra forma ameacem, o mercado social tradicional de qualquer nação ou comunidade.

A Defesa Comum: Guerra e Policiamento

A Nova Resistência favorece o amplo estabelecimento de milícias populares locais e regionais para a defesa, com um pequeno componente regular para capacidades mais técnicas/especializadas (naval, aéreo e forças especiais) a nível federal; a força regular poderia servir como o núcleo para mobilização e dirigir a milícia popular em caso de qualquer possível ameaça séria a nível continental.

Quanto a questões de lei e ordem, o grosso dos casos deve ser deixado ao nível comunitário onde os infratores terão que encarar o povo que eles violaram. O massivo esquema policial/prisional/judiciário de nossa era será dissolvido em favor da justiça restaurativa e outras soluções intra-familiares e baseadas nas comunidades. Instâncias mais sérias de crime organizado e atividade contrarrevolucionária serão da alçada da milícia popular.

Ressacralização do Mundo Moderno

Para combater o impulso do materialismo grosseiro, a Nova Resistência encoraja o retorno da espiritualidade e do sentido da sacralidade à esfera pública. Ainda que nós não favoreçamos qualquer religião particular ou sistema ético acima de qualquer outro, e firmemente nos opomos a qualquer tentativa de governo teocrático, nós acreditamos que tanto o indivíduo como a sociedade como um todo seriam muito enriquecidas pela beleza do numinoso em sua vida quotidiana.

Governo Popular e Nova Aristocracia

No âmbito político, a Nova Resistência favorece a Democracia Direta a nível local e um sistema consensual de "Maioria Concorrente" nos níveis mais elevados. Ainda que o povo deva ter uma influência direta sobre qualquer questão que diretamente os afete e a sua comunidade, unidades políticas federadas maiores demandam certos freios e contrapesos para proteger minorias políticas da tirania da maioria. Tais ferramentes podem incluir tudo desde a nulificação ao direito de secessão. A confederação suíça e a América primitiva (ESTES Estados Unidos em oposição a OS Estados Unidos) oferecem possíveis modelos.

A Nova Resistência objetiva ser um movimento popular mas isso não significa que ele abrace o populismo demagógico ou o abandono das virtudes aristocráticas mas, em verdade, tende mais às idéias gramscianas das elites intelectuais "nacional-populares" e orgânicas. Nós acreditamos que as classes trabalhadores, sob as condições corretas, podem ser portadoras de uma civilização aristocrática. Ao ressacralizar o mundo moderno, erguendo os fardos do consumismo degenerado e da mídia frívola das mentes dos trabalhadores, e reconhecendo que o "ócio é a base da cultura", nós despertaremos a energia criativa do Povo e inauguraremos um novo renascimento cultural.

Forasteiros, a Oposição Leal

Obviamente, a Nova Resistência não defende um sistema monolítico e padronizado para toda a América do Norte, como confirmado por nosso apoio a vários enclaves étnicos e de autonomia nacional pessoal. Mais ainda, nós também reconhecemos o direito das minorias criativas (boêmios, excêntricos e rejeitados de todo tipo), povos nômades e dissidentes políticos e religiosos de viverem como eles decidam escolher. Nós acreditamos em um mundo pós-capitalista tolerante onde, digamos, libertários ou polígamos ou quem quer que tenha o espaço político, social e geográfico a seguir sua própria felicidade. Seu grau de envolvimento com comunidades e outras instituições da Nova Resistência cabe a eles decidir mas nós estendemos, agora e então, nossas saudações cordiais e pacíficas.

Muitas Nações, Uma Luta: Um Sumário

A Nova Resistência é uma rede de nacional-revolucionários, adeptos da quarta teoria política, terceiro-posicionistas, nacional-bolcheviques, nacionalistas de esquerda, anarquistas de todo tipo, anti-capitalistas de direita, e radicais adogmáticos de esquerda que defendem uma resistência ampla e em múltiplos níveis às políticas econômicas neoliberais, ao imperialismo anglo-americano e à influência sionista na mídia e no governo. Nós somos um movimento radical nascente, um núcleo revolucionário. Nós olhamos para a Europa como a fonte de nossa cultura particular ao mesmo tempo em que respeitamos ao mesmo tempo outras nações, culturas e civilizações.

Nós rejeitamos ódios grosseiros baseados em raça e religião - do anti-semitismo à islamofobia - bem como noções ultrapassadas de pureza racial. A identidade deve se basear em afirmações positivas de cultura e herança, não em obsessões paranoicas com linhagens sanguíneas, medições cranianas ou cor de olhos e cabelo. Nós acreditamos que os âmbitos espiritual, cultural e político - nessa ordem - devem tomar precedência sobre a esfera econômica da vida. Nós trabalhamos para viver, não vivemos para trabalhar!

Finalmente, a Nova Resistência apoia o estabelecimento de uma federação norte-americana altamente descentralizada onde identidades étnicas e religiosas de todos os tipos podem se organizar de uma maneria sadia e fornecer ajuda mútua uma à outra. Territórios que contenham diversos grupos étnicos diferentes seriam encorajados a seguir o princípio de Autonomia Nacional Pessoal (nacionalidade não-territorial).

Esse Manifesto é trazido a vocês por

NOVA RESISTÊNCIA
A Frente Popular para a Liberação da América

http://openrevolt.info/
http://americanfront.info/

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Manifesto da Aliança Revolucionária Global

por Aleksandr Dugin




(Programa, Princípios, Estratégia)

Insatisfeitos de todo o mundo, uni-vos!

Parte 1 - Situação do fim

1. Vivemos no final de um ciclo histórico. Todos os processos que constituem o sentido da história chegaram a um impasse lógico.

O fim do capitalismo: O desenvolvimento do capitalismo chegou ao seu limite natural. Há somente uma coisa deixada para o sistema econômico mundial – entrar em colapso no abismo. Baseado em um aumento progressivo das instituições puramente financeiras, bancos em primeiro lugar e, em seguida, estruturas de ações mais complexas e sofisticadas, o sistema do capitalismo moderno, completamente divorciado da realidade, a partir do equilíbrio da oferta e da procura, a partir de relação de produção e consumo, a partir da conexão com uma vida real. Toda a riqueza do mundo está nas mãos da oligarquia financeira mundial através das manipulações complicadas com a construção de pirâmides financeiras. Essa oligarquia desvalorizou não somente o trabalho, mas também o capital ligado ao mercado fundamental, garantiu uma renda financeira e todas as outras forças econômicas entraram em cativeiro para essa elite ultraliberal impessoal e transnacional.
Independentemente de como nos sentimos sobre o capitalismo, é claro agora que não está apenas passando por uma crise, mas está à beira de um colapso total do sistema inteiro. Não importa o quanto a oligarquia mundial tenta esconder o colapso em curso das massas da população mundial, mais e mais pessoas começam a suspeitar que isso é inevitável e que a crise financeira global causada pelo colapso do mercado hipotecário estadunidense e dos principais bancos é apenas o início de uma catástrofe global. Essa catástrofe pode ser atrasada, mas não pode ser prevenida ou evitada. A economia mundial, na forma em que opera agora, está condenada. 
O fim dos recursos: Na atual situação demográfica, levando em conta o crescimento constante da população mundial (especialmente dos países do terceiro mundo), a humanidade está perto de esgotar os recursos naturais, necessários não apenas para manter os níveis atuais de consumo, mas para a simples sobrevivência em nível mínimo. Os limites do crescimento são alcançados e a fome global, privação, epidemias e morte estão na agenda. Esse planeta não pode mais manter a vida de tal número de pessoas. Assim, nos deparamos com a catástrofe iminente demográfica. Quanto mais nascem hoje, mais terão que ser exterminados amanhã. Esse dilema não tem solução. Mas fingir que isso não existe é preparar o pior cenário de massacre mundial por recursos e de extermínio de grande parte da humanidade pelas próprias mãos. 
O fim da sociedade: Sob a influência do padrão ocidental e americano, a fragmentação das sociedades em unidades atômicas, não ligadas entre si por quaisquer laços está em pleno andamento. O cosmopolitismo e o novo nomadismo tornam-se estilos de vida mais comuns, especialmente para a geração mais jovem. Isso provoca fluxos migratórios sem precedentes, que destroem as sociedades, cujos membros são retirados do cenário, bem como aquelas onde os migrantes se enquadram. Laços culturais, nacionais, sociais e religiosas se quebram, os códigos tornam-se quebradiços, contatos orgânicos colapsam. Vivemos em um mundo de multidões solitárias, sociedades de pulverização catódica que já não são algo sólido. Solidão cosmopolita se torna a norma e destroem a identidade cultural do povo do interior. No lugar das sociedades vem nomadismo e a teia, que dissolve os coletivos históricos orgânicos. Ao mesmo tempo, desaparecem a cultura, língua, costumes, tradição, valores e a família.
O fim do indivíduo: A divisão do indivíduo em seus componentes se torna a tendência dominante. A personalidade humana se espalha através da rede, apelidos e impulsos distintos, transformando-se em um conjunto de jogos de elementos desorganizados. Então o indivíduo perde a sua integridade e a ele é dada mais liberdade, mas à custa de alguém que pode tirar proveito delas. A cultura Pós-Moderna compulsivamente move as pessoas para mundos virtuais de telas planas, tira-nos da realidade, captura pelo fluxo de alucinações sutilmente organizadas e habilmente manipuladas. E esses processos são gerenciados pela oligarquia mundial, que procura fazer as massas do mundo controláveis e programáveis. Nunca antes o individualismo foi tão glorificado e nunca antes pessoas do mundo todo foram tão semelhantes entre si no comportamento, hábitos, aparência, técnicas e gostos. Na busca pelos direitos humanos, o humano foi perdido em algum lugar. Logo que ele vai ser substituído por um pós-humano: um mutante, um produto de clonagem, um biorobot, um replicante, um cyborg. 
O fim das nações e dos povos: O Mundo Global consistente destrói qualquer identidade nacional, uma após a outra, destrói os estados soberanos, cada vez mais interfere nos assuntos internos de outros países. A oligarquia global pretende derrubar todas as barreiras nacionais, impedindo a sua presença onipresente. As corporações transnacionais tentam colocar seus interesses acima dos interesses nacionais e administrações estaduais, o que leva a uma dependência de sistemas externos e perda de independência. Desta forma, em vez da diversidade de Estados Independentes, forma-se a estrutura de um governo mundial com base na oligarquia financeira mundial. Os países ocidentais e os monopólios tornam-se o núcleo desse governo mundial, no qual gradualmente integra a elite econômica e política, em parte, de outros países não ocidentais. Assim, partes das elites nacionais tornam-se cúmplices da globalização e traem os interesses dos seus cidadãos - povos e Estados. 
O fim do conhecimento: A Mídia Global criou um sistema de desinformação total, organizado de acordo com os interesses da oligarquia global. Só que o que é relatado pela mídia global é considerado a "realidade". E que, como um ou outro evento ou fenômeno é relatado, está sendo automaticamente aceito pela comunidade global como uma "verdade auto-evidente" (Sabedoria Convencional). Visões alternativas, embora possam se espalhar nos segmentos da rede de sistemas de comunicação interativa, permanecem na periferia porque o apoio financeiro é fornecido apenas para aqueles elementos que servem os interesses da oligarquia global. Quando opiniões críticas atingem o limiar e tornam-se perigosas, estão sendo usados os instrumentos clássicos de repressão - pressão financeira, eufemismo, demonização, assédio legal e físico. Em tal sociedade, todo o sistema de conhecimento se torna um objeto de uma moderação global pela elite global. 
O fim do progresso: Nos últimos séculos, a humanidade tem vivido pela fé no progresso e na esperança de um futuro melhor. Uma promessa disso foi vista no desenvolvimento da técnica, nas acumulações do conhecimento e descobertas científicas, no crescimento do humanismo e da justiça social. O progresso parecia estar garantido e auto-evidente. No século XXI, essa crença é compartilhada apenas por um ingênuo ou por aqueles que deliberadamente fecham os olhos para a realidade (por certo suborno ou privilégios). A crença no progresso é refutada por todo o curso das coisas. Nosso mundo não está ficando melhor, mas, pelo contrário, está sendo rapidamente degradado ou, pelo menos, continua a ser tão cruel, cínico e desleal como antes. A descoberta desse fato leva ao colapso da cosmovisão humanista. O padrão duplo do mundo ocidental, sob slogans cativantes sobre direitos humanos e liberdade, nos quais hoje apenas cegos não veem a vontade egoísta de colonizar e controlar, torna-se vulgaridade. O progresso não é apenas não garantido, mas improvável. Se as coisas continuarem a se desenvolver como se desenvolvem hoje, prognósticos mais pessimistas, catastróficos e apocalípticos tornar-se-ão reais. 
 2. Em geral, estamos lidando com o fim de um grande ciclo histórico, no qual os parâmetros básicos estão esgotados, perturbados e as expectativas associadas a ele iludidas e riscadas. O fim do mundo não vem, ele se desdobra diante de nossos olhos e nós somos os seus observadores e participantes. Será que é o fim da civilização moderna ou o fim da humanidade? Ninguém pode prever. Mas a dimensão da catástrofe é tamanha que não podemos excluir o fato de que o agonizante mundo ocidental-centrado global vai levar consigo para o abismo todos os outros. A situação se torna ainda mais dramática pelo fato de que no âmbito da situação atual e a existente organização do poder global mundial da oligarquia transnacional, todos os processos catastróficos não podem continuar (o limite é atingido), nem parar (a força de inércia é muito alta), nem mudar o curso (a taxa das principais tendências não permite fazer uma manobra brusca para mudar de trajetória). 
3. A situação atual é intolerável, não só como é, mas para onde vai por si só. Hoje - uma catástrofe, amanhã - a morte garantida. O futuro foi roubado da Humanidade Mas o homem difere dos animais por ter um horizonte histórico. E mesmo se num dado momento não sente todas as exigências da situação, seu conhecimento do passado e previsão do futuro construído reproduziu nele perspectivas otimistas ou sinistras. Vendo onde estávamos ontem e para onde estamos indo agora, não podemos subestimar esse caminho como do mal, da ameaça, do desafio e ataque. Somente aqueles que são privados do pensamento histórico, tornando-se consumidores cada vez mais entretidos pelo fluxo agressivo da propaganda e desinformação, os quais são cortados da educação e das traduções dos códigos culturais podem ignorar o horror da situação real. Apenas o mecanismo bruto ou de consumo, biorobot, não pode reconhecer que vivemos no campo de uma catástrofe global. 
 4. Aqueles que salvaram pelo menos um grão de intelecto independente e livre não podem ajudar, mas pergunto: qual é a razão da situação existente? Quais são as origens e os gatilhos do desastre? Está claro agora que eles deveriam olhar para o entusiasmo excessivo da civilização ocidental no desenvolvimento técnico, individualismo, na busca da liberdade a qualquer custo, no materialismo, egoísmo, no culto ao dinheiro e a toda ideologia liberal capitalista burguesa, bem como na crença racista das sociedades Ocidentais de que esse curso é o universal, o melhor e obrigatório para o resto do mundo. Se no início essa paixão deu resultados positivos, dinâmicas engendradas, abriu possibilidades de humanismo, ampliou a zona de liberdade, melhorou a situação das pessoas, abriu novas perspectivas a elas, então, depois de ter atingido seu limite as mesmas tendências começaram a produzir resultados opostos: a técnica passou de um instrumento para um princípio autossuficiente (a perspectiva da revolta das máquinas); o individualismo foi levado ao extremo, privou-nos de sua natureza, a liberdade perdeu seu sentido, a idolatria da matéria levou a degradação espiritual, o egoísmo destruiu a sociedade, o poder absoluto do dinheiro forçado a sair não somente do trabalho, mas também do espírito empreendedor do capitalismo; a ideologia liberal destruiu qualquer forma de solidariedade social, cultural ou religiosa. E se nos países Ocidentais, que cresceram a partir da lógica de seus desenvolvimentos históricos e depois em outras partes do mundo, os mesmos princípios foram impostos pela força, pelas práticas coloniais e imperialistas, sem levar em conta as especificidades das culturas locais. O Ocidente, tendo embarcado nesse caminho na era moderna, não só trouxe para si mesmo um final lamentável, mas causou também danos irreparáveis para todas as outras nações da terra. Tornou-se global e universal, portanto ninguém pode simplesmente evitar ou isolar-se disso. Isso só pode ser alterado ao arrancar todo o espectro de fenômenos catastróficos. E, apesar do fato de que em sociedades não ocidentais, a situação é um pouco diferente, simplesmente ignorar o desafio do Ocidente não pode mudar nada. As raízes do mal são muito profundas. Elas devem ser claramente entendidas, compreendidas, identificadas e colocadas no centro das atenções. É impossível lutar contra as consequências sem entender as razões. 
5. Há razões para a situação desastrosa atual e também há aqueles que estão interessados nela, aqueles que querem que ela dure, quem obtém o benefício, o lucro, quem lucra com isso, aqueles que são responsáveis por isso – os quais apóiam, fortalecem, protegem e guardam essa situação, bem como a impedem de mudar o seu curso de consecução e desenvolvimento. Essa é uma oligarquia mundial global, a qual inclui estratégia política, financeira, econômica, o núcleo estratégico-militar da elite mundial (principalmente ocidental) e uma ampla rede de intelectuais servindo-a, executivos, magnatas da mídia, formando um séquito fiel de globalistas oligárquicos. Tomados em conjunto, a oligarquia global e seus assistentes são a classe dominante do globalismo. Isso inclui os líderes políticos dos Estados Unidos, alguns dos maiores países da OTAN, magnatas econômicos e financeiros, agentes da globalização que os servem, que compõem a gigantesca rede planetária, na qual os recursos são alocados para aqueles que são leais ao principal curso dos processos globais, bem como os fluxos de manipulação da informação, lobby político, cultural, intelectual e ideológico, a coleta de dados, a infiltração nas estruturas dos Estados nacionais, ainda não totalmente privados de soberania, bem como a corrupção pura e simples, suborno, influência, as campanhas de perseguição de indesejados, etc. Essa rede globalista consiste em vários andares, incluindo as missões políticas e diplomáticas, bem como as empresas multinacionais e sua gestão, rede de mídia, o comércio global e estruturas industriais de consumo, organizações não governamentais e fundos e etc. A catástrofe na qual estamos e a qual chega ao seu auge tem uma natureza artificial feita pelo homem - há forças que estão interessadas em tudo para serem exatamente como isso é e nada mais. Esses são os arquitetos e gerentes do egocêntrico mundo hipercapitalista global. Eles são responsáveis por tudo. A oligarquia global e sua rede de agentes é a raiz do mal. O mal é personificado na classe política mundial. O mundo é como é porque alguém quer que seja assim e se esforça muito para isso. Essa vontade é a quintessência do mal histórico. Mas se isso é verdade e alguém é responsável pela situação atual, então a oposição e a discordância com o status quo obtêm seu destinatário. A oligarquia mundial é colocada numa posição de inimigo de toda a humanidade. E é o inimigo. E mais, a própria presença do inimigo dá uma chance de derrotá-lo, o que significa uma chance para a salvação e superação da catástrofe.

Parte 2 - A imagem do mundo normal

1. É nos dito (através da hipnose e propaganda) que "não pode ser" de outra forma (do que é agora). Ou que qualquer alternativa seria "ainda pior". Essa melodia familiar diz que "a democracia tem muitos defeitos, mas todos os outros regimes políticos são muito piores, é melhor tolerar o que já está". Isso é mentira e propaganda política. O mundo em que vivemos, é inaceitável, intolerável, levando-nos à morte inevitável e encontrar uma alternativa para isso é uma condição de sobrevivência. Se não derrubarmos o status quo, não mudarmos o curso do desenvolvimento da civilização, não privarmos do poder, não destruirmos a oligarquia mundial como um sistema e como forças específicas, grupos, instituições, corporações e até mesmo indivíduos, nós vamos nos tornar não apenas vítimas, mas também cúmplices do fim iminente. As alegações de que "tudo não é tão ruim”, "antes era pior”, "de alguma forma tudo vai ficar melhor”, etc, é uma forma deliberada de sugestão, hipnose, destinada a acalmar os resquícios de consciência livre, independente e análises sóbrias. A oligarquia global não pode permitir que os vassalos da elite global ousem pensar de forma independente, sem referência aos seus secretos e sorrateiros padrões impostos. Essa elite não age diretamente, como nos regimes totalitários do passado, mas sutilmente, insidiosamente, produzindo seus dogmas por certo e até mesmo como uma livre escolha de cada pessoa. Mas a dignidade humana consiste na capacidade de escolher e escolher especificamente entre dizer "sim" ou "não" à situação atual. 
Nada e nunca sob qualquer circunstância "não" pode provocar automaticamente um "sim" humano. "Não" pode ser dito para tudo, a qualquer hora e sob quaisquer circunstâncias. Negando esse direito, a elite global nos nega ter dignidade humana. Isso significa que se opõe não só a humanidade, mas também a natureza humana. E isso nos dá o direito de revolta contra ela, de radicalmente dizer "não" a ela e todo o estado das coisas, para refutar a sua sugestão, para acordar de sua hipnose, para aprovar outro mundo, de outra forma, uma ordem diferente, sistema diferente, presente e futuro diferente. O mundo que nos rodeia é inaceitável. É ruim sob todos os pontos de vista. É injusto, desastroso, indigno de confiança, mentiroso, não é livre. Deve ser invadido e destruído. Precisamos de um mundo diferente. E não vai ser pior, como a oligarquia global e seus servos fiéis assustam-nos, mas vai ser melhor e salvador.

2. O que é, nesse caso, o mundo correto, a desejada ordem mundial? Qual é a plataforma padrão a partir da qual se estima o existente como uma patologia? A imagem do mundo normal de diferentes forças, pari passu discordante com a situação atual pode ser muito diferente. E se você se aprofundar nos detalhes dos projetos alternativos, as controvérsias inevitavelmente surgirão no campo dos apoiantes das alternativas globais, a unidade será abalada, a sua vontade de resistir será paralisada, a concorrência de projetos irá prejudicar a consolidação de forças, a qual é necessária para resistir. Assim, um mundo normal, um mundo melhor, deve ser discutido com o maior cuidado. No entanto, existem alguns princípios absolutamente evidentes e pontos de referência, os quais dificilmente podem ser questionados por ninguém na mente certa. Vamos tentar encontrá-los. 
 I - Um modelo econômico é necessário, uma alternativa ao existente sistema atual do capitalismo financeiro especulativo. A alternativa pode ser vista como no capitalismo industrial real, na economia islâmica, no socialismo, também em projetos ambientais, como os ligados ao setor de produção real, também em busca completamente de novos mecanismos econômicos, incluindo novas formas de energia, organização do trabalho, etc. A economia normal não será essa que existe hoje. 
II - Em poucos recursos o problema da distribuição deve ser resolvido na base comum a todos os planos da humanidade, não com base na luta egoísta para controlá-los. As Guerras pelos Recursos - militares ou apenas econômicas - têm de ser drasticamente suprimidas. A humanidade está ameaçada de morte e em face dessa situação, temos que mudar para uma atitude diferente, para a questão democrática e de recursos. Nesse jogo não vai haver vencedores. Todo mundo vai perder. Em um mundo normal, essa ameaça deveria ser respondida por todos os povos do mundo juntos, não individualmente.

III - O normal e o melhor estado da existência humana não é a fragmentação e degradação em indivíduos atômicos, mas a preservação de estruturas sociais coletivas, mantendo a transmissão da cultura, conhecimento, línguas, práticas, crenças. O homem é um ser social e é por isso que o individualismo liberal é destrutivo e criminal. Nós temos que salvar a sociedade humana a qualquer custo. A partir disso conclui-se que a orientação social deve prevalecer sobre o liberal individualista.
IV - Em uma sociedade que estava tomando lugar deve-se manter a sua dignidade de espécies, sua identidade, sua essência, sua integridade, bem como as estruturas, sem isso sua personalidade não pode se desenvolver e corrigir - família, trabalho, instituições públicas, o direito de participar de seu próprio destino, etc. A tendências que levam à dispersão das pessoas e da sua substituição por outros tipos humanos universais devem ser interrompidas e afastadas. O homem é algo que deve ser mantido e até mesmo recriado. 
V - A sociedade normal é aquela onde os povos, nações e estados são mantidos como formas tradicionais de comunidade humana, como as formas criadas, criados pela história e tradição. Eles podem mudar ou transformar, mas eles não devem ser abolidos ou mesclados forçadamente em um único caldeirão global. A diversidade de povos e nações é um tesouro histórico da humanidade. Abolindo isso, iremos para a abolição da história, para o fim do casamento plural, liberdade e riqueza cultural. Os processos de globalização devem ser imediatamente cortados. 
VI - A sociedade normal é baseada na possibilidade de obter conhecimento, da transferência de conhecimentos, em abrir habilidades para a osmose do mundo, a existência, o ser humano com base na tradição, experiência, descobertas e busca livre. A esfera de conhecimento não deve ser um campo de concurso virtual, de hipnose da mídia de massa ou um espaço para a manipulação da consciência em uma escala global. Mídias de massa suplentes e estratégias virtuais que substituem a realidade devem ser redesignadas para a autorreflexão sóbria baseada em fontes abertas, intuição, criatividade e experiência. Para isso, é necessário esmagar a ditadura atual da mídia, para quebrar o monopólio das elites globais para controlar a consciência de massa. 
VII - A sociedade normal deve ter um horizonte positivo para o futuro na frente de si. Mas, ao mesmo tempo, para atingir o objetivo pretendido, é necessário abandonar a ilusão de que as coisas em si estão a desenvolvendo bem ou, pelo contrário, a suposição de que a catástrofe é inevitável. O ponto da história humana é que este é aberto e inclui um componente de vontade humana e da capacidade para programar a sua liberdade. Isso faz as futuras zonas de possibilidades: não será em si melhor nem pior, uma vez que pode ser criado pelas pessoas como tal e outros. Tudo depende do que escolhemos e o que fazemos. Se rejeitarmos a escolha e a força de vontade de construção, o futuro pode não chegar a todos. Ou não seria humano. 
3. A sociedade normal deve ser diversificada e plural, policêntrica. Deve conter muitas possibilidades, muitas culturas. O normal é livre, não diálogo forçado. Cada sociedade pode escolher por si mesmo o equilíbrio entre os componentes espirituais e materiais. No entanto, como mostra a história, a dominação acentuada do materialismo, invariavelmente, leva ao desastre. Esquecer-se da dimensão espiritual do indivíduo é fatal e funesto para ele. A atual guinada forte para o materialismo exagerado deve ser compensada por uma curva acentuada para o princípio espiritual. E absolutamente inaceitável é a dominação total do dinheiro sobre todos os outros valores. Os valores podem ser de qualquer tipo, mas em qualquer sociedade normal eles não devem ser colocados em um nível mais elevado. Neste sentido, toda a sociedade onde o papel do dinheiro não é tão grande como no nosso, por definição, é mais normal, justa e aceitável do que aquela em que vivemos hoje. Quem pensa o contrário ou é doente, ou é um agente de influência da oligarquia global. Justiça e harmonia são mais importantes do que o sucesso pessoal e a ganância. A ganância e o desejo de bem-estar individual são considerados um pecado pela maioria das culturas humanas ou pelo menos uma fraqueza. E a justiça, a preocupação com o bem comum, é um dos valores mais comuns. Uma sociedade justa é mais normal do que essa, que é baseada no egoísmo. A ordem do mundo normal é essa, a qual reconhece o equilíbrio de poder, o direito das sociedades e culturas diferentes para o seu próprio caminho. Isto é, essa é a norma. E essa norma, mesmo na forma mais geral e aproximada, radicalmente contrasta com aquilo o que temos ao nosso redor. Status quo não é normal, isso é patologia. Uma vez que a hipnose da oligarquia global é esmagada, todas as coisas retornam ao foco.
4. Em uma sociedade normal, não podemos fazer sem energia de um modo geral. Em uma ou outra forma foi é e será. Também está presente na sociedade global que existe hoje. Esse poder pertence a uma oligarquia global que disfarça sob o pretexto da "democracia" e "cumplicidade", "dispersão dos centros de decisão". A oligarquia mundial continua sendo o poder em todos os sentidos, mas não direto e sim indireto, age não por coerção direta, mas com o controle sutil. É menos grosseira do que outras formas de poder, mas é mais insidiosa, enganadora e mentirosa e não menos brutal e totalitária. Ocasionalmente, ela toma a forma de um anarquismo paradoxal totalitário, dando total liberdade para as massas, mas apenas mantendo o controle total sobre o conteúdo dessa liberdade e seus parâmetros. Você pode fazer tudo, mas apenas de acordo com as regras estabelecidas. A regra é ditada pela oligarquia global. Em uma sociedade normal, o poder deveria pertencer não à elite anônima política e financeira, que constantemente leva a humanidade à sua morte, mas deveria pertencer aos melhores - aos mais fortes, mais inteligentes, mais espirituais e justos, aos heróis e aos sábios, e não a uma rede de globais funcionários corruptos, mentirosos e usurpadores. O poder sempre envolve a projeção de múltiplas vontades para uma única instância. A formação dessa instância deve proceder de acordo com as tradições históricas, sociais, culturais, e às vezes religiosas, de cada sociedade em particular. Não existe nenhuma fórmula geral de potência ótima. A democracia funciona em uma sociedade e é um fiasco em outra. A monarquia ocorre para ser harmoniosa e pode renascer em tirania. A gestão coletiva fornece resultados positivos e negativos. Não há receitas universais, adequadas para todos. Mas qualquer poder (e até mesmo a falta dele) é melhor do que o que existe hoje e o que tomou controle sobre a humanidade global. 
 5. A norma vem de uma história particular de uma determinada sociedade humana. E não deve ser diferente. A norma, a amostra, o ideal, as sociedades de direito e os povos adquirem através de muitos sofrimentos, provações, erros, avaliações, experiências, eles eclodem essa regra ao longo dos séculos. E é por isso que cada sociedade tem o direito inalienável à sua própria norma. Para os seus próprios valores. Ninguém à parte tem o direito de criticar essa norma com base na sua própria sociedade histórica, distinta das demais. Se os povos e as nações não se desenvolvem da mesma maneira, como seus vizinhos fazem, isso não significa simplesmente que não podem fazê-lo, mas que na íntegra não querem, que eles estimam o tempo histórico e a escala de sucessos e fracassos de acordo com outros critérios. E isso deve ser declarado de uma vez por todas e quaisquer preconceitos coloniais e racistas devem ser categoricamente recusados: se alguma sociedade não é semelhante a nossa, não significa que é pior, mais atrasada ou primitiva, é apenas diferente, e sua alteridade - é a sua natureza, que devemos admitir. Só tal abordagem é normal. O globalismo,o centrismo ocidental e o universalismo são a profunda patologia da necessidade de erradicação. Especialmente, é patológico ou mesmo criminal, se os padrões universais são definidos pela ilegítima, auto-proclamada elite global, que tem usurpado o poder planetário. Existem muitas normas, assim como existem muitas sociedades, isto é, essa é a norma universal, a ausência de um padrão uniforme para todos, liberdade e direito de escolha.

Parte 3. Revolução imperativa

1. Contra a ordem existente, percebida como um mal intolerável, como a patologia e a situação, a qual conduzirá inevitavelmente à catástrofe e à morte da humanidade, é necessário propor uma alternativa ideal, o padrão, esse projeto, o qual não existe agora, mas que deverá existir. Mas a oligarquia mundial não vai desistir de seu próprio poder sob quaisquer circunstâncias. Seria ingênuo pensar o contrário. Assim, a tarefa é deslocá-lo de suas mãos, para arrancar o poder, para tomá-lo através da força. Isso pode ser feito somente sob uma condição: se todas as forças, insatisfeitas com a situação atual agirão em conjunto. Esse princípio da ação conjunta é um fenômeno único da história recente, que se tornou global. A oligarquia global define sua posição dominante a nível planetário. Sua natureza global não é uma qualidade secundária, mas reflete a sua essência. Essa oligarquia mundial ataca todos os povos, nações, estados, culturas, religiões e sociedades. Não algum tipo, não alguns regimes, não quaisquer determinados objetos de ataque selecionados. 
Essa elite vem frontalmente e totalmente, buscando transformar todas as áreas da Terra para a zona do seu controle. Mas nessas áreas existem sociedades diferentes, culturas diferentes, povos diferentes, religiões diferentes. E ainda assim elas não perderam totalmente a sua originalidade. A globalização traz a morte para todas elas, que ainda podem compreender ou sentir isso intuitivamente. Mas na situação atual, nenhum país, por si só, tem força suficiente para oferecer resistência eficaz a uma oligarquia global. E mesmo se você combinar os esforços de uma ou outra cultura, ou uma ou outra comunidade regional, que vão além das fronteiras de um único país, todas as mesmas forças não são iguais. Somente se toda a humanidade se tornar consciente da necessidade de oposição radical ao globalismo, teremos a chance de fazer da nossa luta eficaz e trazer resultados gratificantes. A ação conjunta não nos obriga a estar lutando pelos mesmos ideais ou a ser solidários com essas normas, as quais irão substituir a atual catástrofe e patologia. Esses ideais podem ser diferentes, e até, em certa medida, conflituosas, mas todos nós devemos perceber que se não formos capazes de estrangular a oligarquia global, todos esses projetos (sejam eles quais forem) continuarão sem se realizar e morrerão em vão. 
E se encontrarmos inteligência suficiente, vontade, sobriedade e coragem em nós mesmos para agir em conjunto contra a oligarquia mundial no âmbito da Aliança Global Revolucionária, teremos uma chance e uma oportunidade aberta não só para lutar em igualdade, mas também para ganhar. As diferenças entre nossas sociedades e seus normativos só importarão depois de derrubarmos a oligarquia global. Até o momento, contradições de projetos só jogarão nas mãos da oligarquia mundial, agindo no antigo princípio de todos os impérios - o "dividir e conquistar". A revolução global tem dois aspectos: a unidade do que está para ser destruído, e a multiplicidade do que está para ser aprovado. 
2. A revolução do século XXI não pode ser um remake simples das revoluções dos séculos XIX e XX. As revoluções anteriores, às vezes corretamente avaliadas nas falhas dos três regimes, contra os quais foram direcionadas. Mas o panorama histórico não permitiu perceber as raízes mais versáteis e profundas do mal. Aos ataques contra as características verdadeiramente patológicas de configuração sociopolítica e injusta, o poder alienado usurpado misturou elementos históricos e sociológicos menores e incidentais que não merecem tal árdua rejeição. As revoluções anteriores, muitas vezes espirraram a criança com água, atingindo o mal, afetou alguma coisa, o que no contrário, merecia a restauração e preservação. Pura maldade nas fases anteriores estava escondida, camuflada, e às vezes essas revoluções em si trouxeram algo do espírito, dessas orientações e as tendências, que levaram hoje para a tirania financeira, midiática e global da oligarquia. Além disso, as revoluções anteriores na maioria das vezes procederam sem as condições locais, e mesmo lá, onde elas alegaram serem globais, essa escala não estava possuída. Somente hoje existem condições propícias para uma revolução se tornar realmente global. 
Desde que o sistema, contra o qual é direcionado, já é global na prática (não apenas no projeto). Outra característica das revoluções anteriores era que apresentavam claras alternativas de modelos sócio-políticos, que na maioria das vezes fingiam ser universais. Se agora repetirmos esse caminho, inevitavelmente repeliremos da revolução aqueles que vêem outra forma padrão(através do prisma de sua sociedade, sua história, sua cultura) e que querem um futuro diferente para si mesmos, do que outros revolucionários contra a oligarquia global. Daí, a revolução do século XXI deve ser verdadeiramente planetária e plural em seus objetivos finais. Todas as nações da terra devem se revoltar contra a ordem mundial existente conjunta e solidariamente, mas em nome de ideais diferentes e para aprovar normativas diferentes na realidade. Para ter futuro, é preciso concebê-lo como um buquê complexo de oportunidades, realização do que está sendo impedido pelo atual sistema mundial e da oligarquia global. Se não esmagarmos a oligarquia global todos juntos em nome de finalidades e horizontes diferentes, não teremos nem um buquê, nem qualquer outro futuro, nem mais de outros futuros. 
Que cada sociedade lute para o seu próprio projeto de futuro. A revolução do século XXI só será bem sucedida se no seu âmbito todas as nações lutarem contra o inimigo comum, em nome de objetivos diferentes. 
 3. Esses espetáculos que vemos hoje nas chamadas "revoluções coloridas" não têm nada de revolucionário genuíno em si mesmo. Eles são organizados pela oligarquia mundial, são preparados e apoiados por suas redes. As "revoluções coloridas" são quase sempre dirigidas contra as sociedades ou os regimes políticos, que ativa ou passivamente resistem à oligarquia global, desafiam seus interesses, que tentam manter certa independência de sua política, estratégia, assuntos regionais e economia. Assim, as "revoluções coloridas" ocorrem de forma seletiva, baseando-se em redes de comunicação de massa desenvolvidas pela elite globalista. Tratam-se de uma paródia da revolução, e servem apenas fins contra-revolucionários. 
4. A nova revolução deverá ser orientada para a derrubada radical da oligarquia mundial, para destruir a elite mundial, para destruir toda a ordem das coisas associadas a ela, ou melhor, controlar a desordem das coisas. Destruindo o nervo do mal, vamos liberar a história dos povos e das sociedades do vampiro parasita – a oligarquia mundial. Só isso pode abrir a perspectiva de construção de um futuro alternativo. Por definição própria a revolução deve ser global. A oligarquia global está agora dispersa por todo o mundo. Ela está presente não só sob a forma de estrutura hierárquica com um centro claramente definido, o núcleo, mas sob a forma de uma rede dispersa em um campo, dispensada em todo o mundo. O centro de tomada de decisões não é necessariamente no mesmo lugar onde os centros visíveis de gestão política e estratégica do Ocidente se encontram - ou seja, nos EUA e outros centros do mundo Ocidental. A especificidade da elite global é que a sua localização é móvel e fluida, e o centro de decisão é móvel e disperso. Assim, é extremamente difícil de atacar o núcleo da oligarquia global, focando na sua forte fixação territorial. Para vencer essa rede má, é necessário arrancar simultaneamente a sua presença de diferentes partes da terra. Além disso, é necessário se infiltrar na própria rede, para semear pânico, acidente, pôr vírus e processos destrutivos. A destruição radial da oligarquia global exige das forças revolucionárias dominar os procedimentos de rede e estudar os protocolos de rede do globalismo em si. A humanidade deve lutar contra o inimigo em seu território, porque hoje toda a área tornou-se uma zona, de uma maneira ou outra controlada pelo inimigo. A luta pela destruição da elite global, portanto, deve ser não apenas comum, mas também sincronizada em diferentes partes do mundo, embora assimétrica. Além disso, a revolução no presente caso envolve uma estratégia de guerrilha no território ocupado pelo inimigo. Particularmente, isso significa que a batalha deve ser implantada no espaço cibernético também. A revolução cibernética e a prática da luta radical no espaço virtual deve ser parte integrante da revolução do século XXI. 
 5. De todas as ideologias dos tempos da modernidade até os tempos atuais, apenas uma sobreviveu, consubstanciada no liberalismo ou no capitalismo liberal. É exatamente essa, onde a visão de mundo e a matriz ideológica da oligarquia mundial tem se concentrado. Essa oligarquia global é aberta ou veladamente liberal. O liberalismo tem uma função dupla: por um lado, serve como um cartão filosófico para reforçar, preservar e expandir o poder da oligarquia global, isto é, atua como uma guia para o seu curso político global, e por outro lado, permite recrutar voluntários e colaboradores dessa elite por uma grande aderência, e sua comitiva, em qualquer lugar do mundo; aceitando o liberalismo, personalidades diferentes - os políticos, burocratas, industrialistas, comerciantes, intelectuais, comunidade científica, a juventude, em qualquer país geram automaticamente o ambiente no qual a equipe para o globalismo está sendo recrutada, através do qual as redes são definidas, a informação é recolhida, os centros de influência são organizados, transações e soluções para o benefício das corporações transnacionais são pressionadas, outras operações estratégicas para o estabelecimento da dominação global da oligarquia mundial são conduzidas. Por isso, o principal impacto da revolução deve ser sobre os liberais em todas as suas expressões - como representantes da direção ideológica, política, econômica, filosófica, cultural, estratégica e tecnológica. Os liberais são a concha, na qual a oligarquia mundial está oculta. 
Qualquer ataque contra o liberalismo e os liberais, tem uma grande chance de afetar as partes sensíveis da oligarquia mundial, seus órgãos vitais. A luta total contra o liberalismo e os liberais é o principal vetor ideológico da revolução global. A revolução deve ser de caráter rigidamente antiliberal, porque o liberalismo é exatamente um nó concentrado do mal. Qualquer outra ideologia política pode ser considerada como uma alternativa possível, e não há restrições. A única exceção é o liberalismo, que deve ser destruído, esmagado, tombado, obsoleto.

Parte 4. A Queda do Ocidente: os Estados Unidos como um país do mal absoluto

1. As origens da situação atual jazem profundamente na história do Ocidente e nos processos sócio-políticos, que estão ocorrendo nessa parte do mundo. A história da Europa Ocidental levou suas sociedades ao ponto, em que gradualmente o individualismo, o racionalismo e o materialismo reducionista começaram a dominar, e na sua base o capitalismo formado e a burguesia tornaram-se triunfantes. A ideologia do liberalismo tornou-se uma expressão máxima do sistema burguês. Exatamente essa linha ideológica, filosófica, política e econômica levou à situação atual. Nos tempos de modernidade, a Europa foi o berço da civilização liberal materialista, a qual impôs isso aos outros povos da terra através da sua política colonial imperialista. Com isso as formas mais abomináveis de coerção foram utilizadas: por exemplo, no século XVI os europeus recriaram a instituição da escravidão, que deixou de existir há milhares de anos sob a influência da ética cristã. Os europeus voltaram-se para essa prática repugnante no momento em que o Ocidente começou a desenvolver a teoria do humanismo, o livre pensamento e a democracia. A escravidão, portanto, foi uma inovação do capitalismo e da ordem burguesa. O sistema burguês foi instalado em colônias europeias, em algumas delas ele teve uma expressão mais consistente e viva, trazendo o conjunto democrático burguês a um final lógico. 
Os Estados Unidos da América, um estado colonial baseado na escravidão, no individualismo, no egoísmo, na dominação de dinheiro e de bens tangíveis, tornou-se um coronal dessa civilização burguesa ocidental da era moderna. Gradualmente, as ex-colônias europeias tornaram-se centros independentes de poder e no meio do século XX tornaram-se o centro da civilização ocidental inteira, o pólo do sistema capitalista mundial. Após o fim da União Soviética, os EUA ficaram sem seu bloco de equilíbrio socialista, tornando-se um centro do sistema burguês global. Isso é exatamente a elite americana mais estreitamente fundida com a oligarquia global, praticamente identificada com ela. E, embora a oligarquia global seja maior do que a classe política americana, ela também inclui a oligarquia europeia, e parcialmente as elites burguesas ocidentalizados de outras partes do mundo, nomeadamente os Estados Unidos se tornou a espinha dorsal da ordem mundial global moderna. O poder militar americano é um fator estratégico importante na política global, o sistema econômico americano é um modelo para o resto do sistema mundial, o sistema dos meios de comunicação americano realmente coincide com uma rede global, os clichês culturais americanos são imitados em todo o mundo, a tecnologia americana está à frente de todos os outros desenvolvimentos tecnológicos. Em tal situação, a população dos EUA desempenha o papel de reféns passivos, que são controlados pela elite global, usando as ferramentas da nação norte-americana para implementar seus objetivos globais. Os Estados Unidos são um golem gigante, controlado pela oligarquia. Nos Estados Unidos encarna o espírito de tal ordem das coisas, o que impõe uma catástrofe iminente em si, a qual é uma expressão do mal, da injustiça, exploração opressiva, alienação e do imperialismo colonial. 
 2. Os Estados Unidos e suas políticas em todo o mundo são um grande flagelo e um fator importante na defesa e reforço da ordem das coisas existente. Todas as tendências catastróficas do nosso tempo vêm de lá. A economia americana é baseada no domínio do setor financeiro, que substituiu completamente o mérito da produção, o capitalismo industrial clássico, para não mencionar a agricultura. a. A grande maioria dos cidadãos norte-americanos está empregada no setor de serviços terciário, ou seja, eles não produzem nada de concreto. O parasitismo financeiro dos EUA "se aplica a todo o planeta, porque o dólar impresso sem qualquer limitação por parte do Sistema de Reserva Federal, é uma moeda de reserva em um modelo de mundo global. A economia mundial está centrada nos EUA e trabalha para os EUA independentemente se essa economia é eficaz ou não. b. Com isso os Estados Unidos consome o maior percentual das reservas mundiais de recursos per capita, contaminando o ambiente com resíduos venenosos e bilhões de toneladas de detritos. Os Estados Unidos esgotam os recursos do resto do mundo e estabelecem (através do controle estratégico-militar, diplomático e econômico ao longo dos fornecedores) um preço para ele, do qual os Estados Unidos lucram. Exatamente esse modelo de hegemonia mundial dos EUA cria um grande desequilíbrio na economia mundial, a injustiça e a exploração, aproximando-se do inevitável colapso de recursos. Com isso, na distribuição dos recursos naturais os EUA são guiados apenas por seus interesses nacionais, o que gera pré-requisitos para desastres iminentes. c. A sociedade americana tem ido mais longe do que qualquer outra sociedade ocidental no caminho da atomização, individualização e ruptura dos laços sociais. Construída por imigrantes de diferentes países, a sociedade americana inaugurou o nascimento da identidade individual. 
Divorciado de uma coletividade específica, de suas raízes, o modelo Europeu Ocidental foi autorizado a ser realizado no território das Américas em condições puramente laboratoriais. A sociedade americana não apenas desintegra gradualmente os indivíduos, mas ela foi originalmente composta por eles. É por isso que aqui o individualismo alcançou seu limiar lógico, e a sociabilidade (incluindo o socialismo) teve uma extensão mínima em comparação com todos os outros países ocidentais (para não mencionar o leste). d. Isso é exatamente os EUA, onde o processo de individuação atingiu os seus limites extremos e saiu na direção de experimentos para estabelecer os seres pós-humanos. 
Os sucessos dos cientistas norte-americanos no domínio da engenharia de clonagem, genética e experiências com híbridos em desenvolvimento permitem sugerir que um dia vamos testemunhar o fenômeno do aparecimento de pós-seres humanos. e. A sociedade americana foi baseada principalmente na mistura de culturas, nações e grupos étnicos, sobre o princípio do "melting pot". A ausência de laços étnicos orgânicos era sua especialidade. Espalhando a sua influência para todo o resto do mundo, os EUA também estão promovendo esse princípio cosmopolita, tornando isso uma norma universal. Além disso, os EUA atuam como a principal força, privando um país após o outro de seu direito de soberania nacional e intrometendo-se nos territórios alheios sempre que é conveniente aos seus interesses. Tais como foram as invasões das forças armadas dos EUA e outros países da NATO, seguindo a linha da política dos EUA na Sérvia, Afeganistão, Iraque, Líbia, etc São exatamente os EUA que desempenham um papel importante na promoção do cosmopolitismo e da dessoberanização das nações e Estados. f. A mídia mundial, em cuja consciência está a criação da absolutamente falsa imagem virtual do mundo, estabelecida no interesse da oligarquia global, é em sua maioria americana e representa uma continuação da mídia dos EUA. Agindo nos interesses da elite mundial global, ela baseia seus sistemas na rede de informação dos EUA. Na sociedade norte-americana as massas da população são extremamente ignorantes e têm falta de cultura, combinada com a ingenuidade e confiando inteiramente nas noções falsas e fabricadas, que são distribuídas pela indústria do entretenimento, mídia e outros meios. Esse estereótipo da ignorância, a representação dos desenhos animados do mundo, sociedade, história, etc., em combinação com certas habilidades e competências tecnológicas, os Estados Unidos se espalham para as sociedades que ficam na zona de sua influência. 
Nomeadamente, o sistema Americano do conhecimento, focado exclusivamente nos interesses pragmáticos e materiais, com base na exploração dos intelectuais, quase inteiramente composta por imigrantes de outros países, representa a culminação da distorção da esfera do conhecimento em prol da propaganda, pecuniária e benefícios utilitaristas. g. Os americanos têm uma ideia concreta do progresso, acreditam no crescimento ilimitado de seu sistema econômico, estão confiantes sobre o futuro, o qual no seu ponto de vista deve ser "americano". A maioria deles acredita sinceramente que uma expansão do "estilo de vida americano" para toda a humanidade é a bênção real, e ficam perplexos quando se deparam com a rejeição e uma reação totalmente diferente, negativa (especialmente quando a propagação desse estilo de vida é acompanhada por uma invasão militar e extermínio em massa da população local, pelo desenraizamento violento dos costumes tradicionais e religiosos e outros deleites da ocupação direta). Aquilo que os americanos chamam de "progresso", a "democratização", "desenvolvimento" e "civilização" é de fato uma degradação, colonização, degeneração, degenerescência e uma forma paradoxal peculiar da ditadura liberal. Não é exagero dizer que os Estados Unidos como um bastião do liberalismo militante, é uma encarnação visível de todo o mal que assola a humanidade hoje, é um mecanismo poderoso que constantemente leva a humanidade à catástrofe final. Esse é o império do mal absoluto. E os reféns e vítimas do curso desastroso desse império não são apenas todas as outras nações, mas também os americanos comuns, não diferentes do resto das conquistadas, espoliadas, privadas e perseguidas nações de abate. 
 3. É significativo que os símbolos nacionais norte-americanos são um conjunto de detalhes sinistros. A estátua da Liberdade reproduz a deusa grega do inferno - Hecate, e sua tocha, a qual as pessoas acendem à noite, alude que esse é um país da noite. O sinal do dólar copia os pilares de Hércules, os quais, de acordo com os gregos antigos, delimitavam onde terminava a zona habitável do Mediterrâneo, e para além deles jazia o mundo do inferno oceânico - a área de titãs, demônios, e aquela que afundou por causa do seu orgulho, do seu materialismo e a sua corrupção, Atlântida; mas em vez da inscrição "nec plus ultra" ("Nada mais além"), que foi feita em égide, ligando as colunas, os americanos colocaram a inscrição “plus ultra” ("mais além"), quebrando, assim, uma proibição simbólica e moral que justifica a construção de sua civilização infernal. A pirâmide maçônica nos braços dos Estados Unidos não tem topo, o que significa uma sociedade sem uma hierarquia vertical, cortada de sua origem celestial. Não menos ameaçadores são os outros símbolos. Esses são detalhes, e eles podem ser tratados de forma diferente, mas sabendo do grande papel na cultura humana que eles jogam, não devemos negligenciar tais caracteres significativos. 
 4 Os EUA lideram outras sociedades para a ruína. E também perecem. Ao mesmo tempo, a escala dos processos catastróficos é tal, que seria ingênuo esperar que alguém nesta situação fosse capaz de se esquivar sozinho do poder destrutivo do ídolo incidente. A questão não é simplesmente "empurrar o incidente", mas para empurrá-lo para tal lugar que seja seguro para nós. De modo que não nos esmague. A Torre de Babel americana está destinada a entrar em colapso, mas é muito provável que, sob seus escombros todos os outros países serão enterrados. Os EUA se tornaram um fenômeno global há muito tempo, e não um país separado. Portanto, a luta com os Estados Unidos não pode ser de um personagem dessas guerras históricas, que foram levadas a cabo por uns Estados contra os outros (ou coalizões de Estados). 
 A América é um fenômeno planetário, global, e, portanto, a luta efetiva contra ela só é possível se isso tiver lugar simultaneamente em todo o mundo, incluindo o território dos próprios EUA, onde, como em outros lugares, estão presentes forças não-conformistas revolucionárias, que categoricamente discordam do curso dos Estados Unidos, do mundo capitalista e do Ocidente global. Essas forças revolucionárias dentro dos EUA podem ser dos mais diversos grupos - ambos direitistas e esquerdistas, pessoas de diferentes orientações religiosas e étnicas. E eles devem ser considerados como um segmento importante da frente planetária revolucionária. Até certo ponto, hoje todos nós estamos no império americano - direta ou indiretamente, e ainda desconhecidos, se é mais fácil e seguro para lutar contra ele na periferia, em países ainda não formalmente colocados sob o controle direto dos EUA. A suíte da oligarquia mundial, a qual está quase sempre ao mesmo tempo com os agentes de influência norte-americana, liberais ocultos ou diretos, está alerta para as manifestações de inconformismo em todas as regiões do mundo. E com a proliferação dos meios de controle e da capacidade de armazenamento, o processamento de informação e uma transmissão de total sombreamento depois de qualquer elemento suspeito em qualquer lugar do mundo já é um problema fácil de resolver, e amanhã vai ser uma ocorrência de rotina. É importante entender que vivemos em uma América global, e nesse contexto, aqueles que se opõem aos Estados Unidos e a hegemonia norte-americana, bem como a oligarquia mundial do exterior, não diferem muito daqueles que são contra o mesmo inimigo de dentro. Estamos todos rigorosamente na mesma situação.

Parte 5. Prática de Guerra

1. A oligarquia global usa conflitos convenientes, divide e incita seus inimigos uns contra os outros. Ela participa de guerras agressivas, as provoca e continuará a agir assim no futuro. A questão não é: lutar ou não lutar, nós seremos forçados a lutar em qualquer caso. Hoje é mais importante o como lutar e com quem? A guerra é uma parte inevitável da história humana. Todas as tentativas de evadi-la na prática levaram apenas a mais guerras, cada vez mais violentas que as anteriores. Assim, o realismo nos compele a tratar a guerra de modo equânime e imparcial. A humanidade fez guerras, as faz agora e as fará até seu fim. 
A maioria das profecias religiosas sobre o futuro o descreve em termos de “batalha final”. Assim, a guerra deve ser entendida como um ambiente sócio-cultural da existência humana. Isso é inevitável e isso deve ser tomado como dado. As guerras rasgarão a humanidade, mas a cada vez nós temos que aprender a analisar corretamente as forças envolvidas na guerra. Essa análise muda qualitativamente sob as circunstâncias atuais. As guerras mais antigas foram travadas entre grupos étnicos, ou entre religiões, ou entre impérios, ou entre Estados nacionais, e no século XX entre blocos ideológicos. Hoje um novo tipo de guerra emergiu, no qual o protagonista é sempre uma oligarquia global, implementando seus planos, ou com o uso direto das forças americanas e das tropas da OTAN, ou organizando conflitos locais de tal maneira que seu cenário seja consistente com os interesses dessa elite indiretamente. 
Em alguns casos, conflitos, guerras e distúrbios são provocados por participação de muitos grupos, nenhum que represente os interesses da oligarquia global diretamente; então estamos lidando com uma situação de caos controlado, manipulação com a qual procedem estrategistas americanos desde a década de 80. Em outros casos, a oligarquia global apoia simultaneamente partidos antagônicos, manipulando-os ao seu favor. A correta análise da guerra moderna então é reduzida à definição do algoritmo do comportamento e escolha de objetivos e estratégia táticos da oligarquia global e do Estado americano em cada caso particular. Esse tipo de análise requer um novo método, baseado numa consciência revolucionária e global. Participando da guerra ou a observando, devemos sempre tentar compreender sua estrutura oculta e sua verdadeira natureza, no que concerne o âmago do programa de conflitos do governo mundial e da elite planetária. A saber, este elemento é o causador de praticamente todas as guerras de hoje, com cuja ajuda a oligarquia global mantém e fortifica sua dominância, tentando adiar seu fim. 
2. Uma Frente Anti-Americana em condições de uma nova guerra deve primeiramente ser o centro da correta análise das forças antagônicas, e dos interesses da oligarquia global, ocultos por trás destes, e em segundo lugar, deve possuir desenvolvidas habilidades de reorientação em ações militares contra o real culpado de qualquer conflito moderno – contra a oligarquia global mesma, o ambiente liberal, a influência da rede de agentes americanos e outros cúmplices. Hoje não há mais agressores e vítimas, interesses nacionais ou competição de forças acumuladas, que explicavam guerras do passado. Guerras do século XXI são personagens de episódios de uma única guerra civil global, insurgências e operações de retaliação simétricas pelo governo mundial. A Frente Anti-Americana por sua mera existência deve servir de mecanismo de reorientação para qualquer conflito relâmpago no verdadeiro propósito e seus reais culpados – os EUA, o globalismo e suas estruturas. 
 3. As novas condições requerem que melhoremos as capacidades de luta clássicas, como também comandando novos territórios de guerra – incluindo redes cibernéticas, virtuais. Dominar essas áreas é a mais importante questão para a Frente Anti-americana, pois redes virtuais permitem um efetivo uso de formas assimétricas de operações militares. Se o poder militar no sentido de formas tradicionais de armas faz dos recursos da hierarquia global e seus instrumentos, EUA e OTAN, incomparavelmente e muitas vezes superiores ào poder total dos adversários potenciais, e se nessa área do confronto frontal dificilmente haveria alguma chance de vencer, então a área das guerras virtuais, ciberestratégias e outros fatores são decisivos. 
Não menos importantes são os papeis desempenhados pela criatividade, formas de pensamento não convencionais, inventividade, e habilidade de agir fora da caixa. No ciberespaço, em certos estágios as forças da oligarquia global e da contra-elite revolucionária podem ser equiparadas ao menos temporariamente: em estruturas de uma área uma vez aberta, zona ou tecnologia, especialmente a principio, criatividade de sujeitos isolados, é comparável com as maiores construções orçamentárias de corporações transnacionais. Algo tal como um site pessoal ou um blog elegante de um solitário talentoso pode atrair público e ter um impacto comparável às fontes governamentais de informação de um país ou mídia de grande escala fundada por recursos de globalistas. Tendo capitalizado estratégias de rede, fica fácil travar uma excelente e dinâmica ciberguerra com a oligarquia global – incluindo vírus, trollagem revolucionária, flaming, floodagem, spamming, uso de bots, e estratégias virtuais e sockpuppets. A respeito disso, a Frente Anti-Americana da contra-elite global precisa tanto de treinadores militares e veteranos de conflitos à maneira antiga, quanto de tropas de hackers, programadores, administradores de sistemas e figuras singulares de uma resistência global virtual. A realidade inteira é agora um campo de guerra – localizada tanto em off-line quanto em zonas virtuais relacionadas. 
Devemos estar preparados para guiar toda uma guerra global, estendendo as operações de zona de combate a todos os atuais níveis – do comportamento comum, estilo de vida, moda, trabalho e lazer para ideologia, fluxo de informações, tecnologia, redes e mundos virtuais. Devemos procurar infligir o dano máximo na oligarquia global e nos interesses dos Estados Unidos e OTAN a todos os níveis possíveis – pessoal, militar, econômico, cultural, informativo, redes, ciberespaço, etc. O inimigo deve ser atacado tanto abertamente quanto furtivamente. Em qualquer lugar onde arde a resistência ao globalismo, à expansão americana e à dominação da oligarquia global, deve se concentrar esforços globais de uma Frente Anti-Americana planetária, dando suporte aos rebeldes, manutenção de informações, assistência militar, conduzindo todo tipo de ação munida a infligir dano máximo na oligarquia global – moral, físico, informativo, imagem, ideológico, material, econômico, etc. 
4. Uma contra-elite revolucionária mundial deve atuar por qualquer meio, dependendo da situação. Sob circunstâncias militares por meios militares, sob as pacíficas – como se der. Deve ficar claro: estamos lidando com um sistema de ilegítimo terror liberal, sistema político criado por uma junta canibal de maníacos internacionais, que desregradamente aumentam sua influência mundial, liderando a humanidade à morte. Se aceitarmos suas regras, estamos garantidos à escravidão, humilhação, degradação, dissolução e a morte vindoura. A atual situação não é somente uma condição temporária, oprimida por detalhes desagradáveis e custos vexatórios; é uma diagnose fatal: a perpetuação das atuais tendências não é compatível com vida. Em tal situação, para nós não há qualquer lei, obstáculo, atitude moral e código de conduta. Neste assunto falemos apenas após a destruição desse obsceno bando global de oligarcas e seus mercenários internacionais. Então, na luta contra o sistema qualquer meio é justificado pelo fim. 
Devemos compreender claramente que o poder da oligarquia não pode ser considerado uma lei, e seus parâmetros de autoridade de poder que cooperam com isso são colaboradores ilegítimos. A única lei é a luta revolucionária global para uma mudança radical no curso da história humana. Só essa guerra é legítima, justa e moral. Só estas regras e estes propósitos são justificáveis e válidos de respeito. Qualquer um que não se envolve na guerra pelo lado da Revolução, com esse simples fato já ajuda a oligarquia global a manter e acentuar seu poder. A lei da sociedade global moderna é ilegalidade, todas as proporções invertidas. E ao contrário, a única regra legítima agora é revolta, resistência, luta contra o status quo, tentando classificar esse despotismo em termos reais. Enquanto o poder estiver nas mãos da oligarquia global, não teremos que contemplar quaisquer leis exceto as leis de guerra e revolução. 
Entretanto, a oligarquia global se governa baseando-se no novo, provocando conflitos e manipulando-os. Em tais circunstâncias, estamos lidando com ladrões ilegais e maníacos, matando quem é o dever de toda pessoa normal, consciente de sua dignidade espécies. A guerra é a nossa pátria, nosso elemento, o nosso ambiente natural, nativa na qual devemos aprender a existir de forma eficaz e vitoriosamente.

Parte 6. A Estrutura da Aliança Global Revolucionária

1. A pauta da nova revolução mundial deve ser a contra-elite mundial. Essa contra-elite destina-se a formar a Aliança Global Revolucionária (AGR) como cristalização dos esforços para atividades perturbadoras subversivas revolucionárias que mirem a demolição do atual sistema global e a queda do poder da oligarquia global e sua comitiva. Essa Aliança Global Revolucionária deve ser um novo tipo de organização, própria às condições do século XXI. Nenhum partido, movimento, ordem, loja, seita, comunidade religiosa, grupo étnico ou casta – como formas coletivas de eras anteriores – deve servir de modelo para sua estrutura. 
A Aliança Global Revolucionária deve ser uma estrutura em rede, sem um único centro de controle, ou um círculo fixo de membros permanentes, nem grupo dirigido, ou um estabelecimento permanente ou algoritmo definido de ação. A Aliança Global Revolucionária deve ser espontânea, organicamente inscrita no processo lógico global, nunca sendo planejada antecipadamente e nem vinculada a tempo e lugar. Só uma presença móvel dará efetividade e imunidade contra o sistema global opressor e seu policiamento. As atividades da Aliança devem se basear no entendimento de um grupo de princípios comuns, objetivos de luta, a identificar o inimigo, reconhecendo o status quo como catastrófico, intolerável e requerendo total destruição, como também entender as causas dessa situação, os estágios de seu desenvolvimento e processo instrumental, que fizeram isto possível e real. Todo aquele que entender isso é um membro da Aliança Global Revolucionária, todo aquele que não aceitar a atual situação e que está pronto para agir de acordo com este entendimento. É por isso que a Aliança Global Revolucionária deve ser policêntrica. Ela não deve ter um único território, nação, religião ou outro centro. 
A Aliança deve operar em todos os lugares, sem fronteiras, raças ou religiões, na base da própria convicção e espontaneamente abrir janelas para oportunidades. É exatamente a ausência de uma estratégia geral o eixo da estratégia revolucionária, e não estar fixada em um centro nervoso unificado hierárquico central – o modelo dominante dessa operação. 
 A Aliança Global Revolucionária deve estar em todo lugar e em lugar nenhum. Deve realizar suas ações rebeldes sempre e nunca em um tempo fixo. A Aliança Global Revolucionária deve aparecer ali mesmo, onde a oligarquia global menos espera. Nisso a Aliança Global Revolucionária deve ter uma atuação de vanguarda, para prática de Budismo Zen ou jogo vigoroso, para jogar a fundo o fim da humanidade. As regras desse jogo podem ser facilmente mudadas ao seu desenrolar; os jogadores podem mudar suas caras, identidades, história pessoal e outras características pessoais (incluindo residência e documentação). 
A Aliança Global Revolucionária deve provocar a falha no sistema, um curto-circuito no funcionamento da hierarquia global e seu sistema configurado. É impossível realizar isso de maneira bem planejada, preparada e modelada; a oligarquia global irá descobrir imediatamente e tomar medidas preventivas. É por isso que devemos agir com foco na completa imprevisibilidade - combinando ações heróicas pessoais com ações coletivas em todos os segmentos da realidade. 
 2. A Aliança Global Revolucionária deve ser deliberadamente assimétrica – que poderia potencialmente tomar parte em estados, forças sociais, partidos políticos, movimentos, grupos, até indivíduos isolados. Tudo o que se opõe realmente ou moderadamente, frontalmente ou tangencialmente ao poder da oligarquia global deve ser considerado como território da Aliança Global Revolucionária. Esta área pode ser condicional ou concreta, nacional ou cibernética, natural ou em rede.

Se qualquer país no mundo – grande ou pequeno – age contra a dominação global dos Estados Unidos, OTAN, o Ocidente global e o sistema financeiro liberal global, então esse estado deve ser considerado parte da Aliança Global Revolucionária e ser ajudado de toda maneira, independentemente se compartilhamos dos valores desse estado, se seus comandantes são atraentes ou repulsivos, se seu atual sistema é justo ou corrupto. Nada deve nos impedir de dar suporte a tal estado, como por toda parte no atual equilíbrio mundial da crítica de poderes, chantagem e demonização de tal estado não são nada além de propaganda difamatória das elites globais, desacreditando seus oponentes. A Aliança Global Revolucionária proíbe categoricamente seus apoiadores e participantes de qualquer crítica aos regimes anti-americanos e também a tais países, cujas políticas ao menos diferem significativamente da estratégia da elite global. Aqueles que sucumbirem ao truque do sistema mundial de desinformação total e acreditarem em insinuações feitas contra tais regimes anti-americanos, merecem uma censura. Não podemos excluir, que se trate de provocadores procurando dividir os escalões da contra-elite. A observação dessa regra ou sua violação pode ser uma causa provável para determinação da adequação ou inadequação dos que pretendem participar da Aliança Global Revolucionária.

O mesmo princípio é aplicável no caso de avaliar movimentos, partidos, religiões, organizações políticas e nacionais. Não importa o que eles estão reivindicando, se seus objetivos são bons ou ruins, se gostamos ou não de seus líderes, se seus valores são claros ou não, suas atitudes, motivos, objetivos. Importa outra coisa: se eles lutam contra os Estados Unidos e a oligarquia global, se eles destroem o sistema existente, ou pelo contrario, o mantém, o servem e dão assistência ao seu funcionamento. Se o primeiro, são automaticamente considerados elementos da Aliança Global Revolucionária; se o segundo – então caem dentro do campo do mal do mundo e satélites da oligarquia global; e nesse caso não devem esperar por misericórdia ou benevolência. Sobretudo critério de orientação sobre a discórdia deve ser distinguido aqui: ditos movimentos, partidos políticos, grupos religiosos ou outras associações, que se botam em confronto e competição com outros movimentos de mesmo nível acima do imperativo de oposição à oligarquia global, são cúmplices indiretos dessa oligarquia e são seus instrumentos inconscientes.

A oligarquia global incita maliciosamente um grupo contra outro para distrair ambos da luta contra ela mesma. Por isso apenas tais grupos (os enormes, como portadores de particular religião global, e os pequenos, como associações separadas de cidadãos em uma plataforma comum) devem ser escalados para a Aliança Global Revolucionária, que claramente sabem do fato que em qualquer confronto local e regional o principal inimigo está na maioria dos casos escondido, como sua oligarquia global e para derrotá-lo, se necessário, devem se unir até mesmo com seus piores inimigos (a nível local), se estão também orientados contra a oligarquia. Os que desafiam esse princípio agem nas mãos da oligarquia global, e podem ser culpados nisso com todos os motivos de acusação. Nessa esfera também não se pode confiar na mídia de massa global, desacreditando certas organizações políticas, nacionais, ideológicas ou religiosas, que se satisfazem com a oligarquia global: de certo toda informação sobre estes será cientificamente falsa, e acreditar nela deve ser considerado um erro, se não um crime. Os que são denegridos pela mídia global, são quase certamente os mais dignos grupos políticos, religiosos, ideológicos, e sociais que merecem o apoio da Aliança Global Revolucionária.

O mesmo deve ser aplicado a indivíduos separados, mantendo a posição de rejeitar a oligarquia global ou seus críticos. Estes já são membros da Aliança Global Revolucionária a seu próprio modo, seja percebendo isso ou não, declarando ou dissimulando, garantindo ou negando. Não é necessário requerer uma clara posição de tais pessoas: por motivos técnicos, em certas situações pode ser desvantajoso para eles (logo para todos nós). Sobre isso é necessário apenas avaliar o dano que eles podem causar na prática contra a oligarquia global e proceder a partir disto. Um programa categórico para que eles estão lutando é absolutamente irrelevante.

Isso deve ficar conosco, e deve ser completamente alheio É necessário avaliar essas pessoas por extensão e efetividade de sua resistência, sua subversividade, destruição para com o atual status quo. Se esse nível é bom, eles merecem um total e indubitável apoio. E novamente nesse caso deve ser um engano, até mesmo um crime aceitar informações detratoras, que são produzidas contra eles pela mídia oligarca globais e satélites nacionais. Se a oligarquia põe uma pessoa em particular na lista negra, a Aliança Global Revolucionária deve simplesmente apoiá-la. Na maioria das vezes tudo o que é alegado sobre essa pessoa pode ser uma mentira deliberada do começo ao fim. Mas isso não importa – se todas as insinuações globalistas eram verdade, não muda nada – vivemos sob uma lei marcial e o herói é aquele capaz de infligir maior dano ao inimigo, não alguém que seja exemplo moral ou tenha outras qualidades, crucial para a estima social humana em tempos de paz. Um revolucionário tem sua própria moral: é a eficácia e sucesso de sua luta contra o despotismo mundial.

3. Seja qual for os motivos que fazem certos poderes rejeitar o status quo e desafiar a oligarquia, a globalização, o liberalismo e os Estados Unidos, eles devem ser, em todo caso, trazidos à aliança. O resto será decidido após a vitória sobre o inimigo e o colapso da nova Babilônia. Esse é o princípio mais importante que deve ser tomado por base da Aliança Global Revolucionária. A oligarquia global baseia seu poder no fato de que projetos de forças revolucionárias alternativas diferem de uma zona para outra, de uma sociedade para outra, de uma confissão, ou mesmo dentro de linhas confessionais, para outra, de um partido para outro, e finalmente, de um atuante para outro. Essas contradições de objetivos afrouxam ao máximo a campanha dos oponentes do status quo, e assim, criam condições para exclusiva dominação da elite global. 
 É exatamente esse princípio a espinha dorsal estratégica de seu poder déspota e bem sucedido. Foi observado repetidamente que até mesmo fracas tentativas de unir diferentes partidos, movimentos, grupos étnicos, estados ou até indivíduos isolados em uma plataforma anti-globalista e anti-oligarca geral causa uma reação histérica por parte da oligarquia global e seus aliados, repressões sem motivo, medidas preventivas para erradicar e prevenir e até dividir os termos de tais tentativas. Se referindo a esse assunto de criação de uma Aliança Global Revolucionária, ignorando diferenças nos objetivos em base de um único inimigo comum – oligarquia global, os Estados Unidos, o capitalismo financeiro planetário ocidental, nós acertamos o ponto mais vulnerável do sistema vigente, abrimos seu código, minamos a base de sua estratégia imperial, consistindo no jogo de contradições internas das diferentes forças. A história do século XX mostra que qualquer associação baseada em propósitos comuns, mesmo os mais massivos (como era no caso do sistema mundial do comunismo e dos partidos comunistas que operam praticamente em todos os países do mundo) tem sua própria barreira restritiva e não pode ir além de um certo limite. E o colapso do socialismo mundial é relacionado com isto: tendo reunido todos possíveis ao redor de iniciativas anti-capitalistas com metas claramente categóricas, formações dogmáticas, tendo restringido outras interpretações, os comunistas esgotaram todos os recursos revolucionários do Marxismo, mas não angariaram uma massa crítica, necessária para uma verdadeira vitória sobre o capitalismo. 
Fora do movimento marxista ficaram estratos ardentemente conservadores, religiosos, movimentos nacionais, que eram igualmente intransigentes em relação ao capitalismo global, mas não compartilhavam especificamente da utopia comunista. Aproveitando esta divisão, o Ocidente foi capaz de derrotar o bloco soviético. Este destino deve ser levado em conta pelos revolucionários do século XXI seriamente. Se hoje continuamos insistindo num consentimento de uma unidade de intenção que propomos como uma alternativa a oligarquia católica (capitalista?) global e a dominação mundial dos Estados Unidos, estamos condenados ao fracasso inevitável e nós mesmos passamos às mãos do inimigo a arma da vitória sobre nos mesmos. 
4. A Aliança Global Revolucionária deve se nutrir do espírito da liberdade e independência em primeiro lugar, e somente depois deve procurar recursos materiais para operações particulares e projetos. Nunca começar a partir de uma questão ou recursos. Ela deve começar da vontade. Esse é o sentido de dignidade humana. Essa é a regra mais importante do desenvolvimento da Aliança Global Revolucionária. E no seu centro o espírito deve estar. Há situações em que não se pode lidar com circunstâncias externas, com as forças da natureza, com o poder do destino. Por vezes se confronta com obstáculos que são impossíveis de superar, que estão acima. Mas a essência do humano radica no fato, que mesmo reconhecendo a força bruta e a pressão das circunstâncias, pode moralmente admitir ou não admitir o que está acontecendo, de dizer tanto “sim” ou “não” às circunstâncias. E se este diz “não”, assim ele sentencia as circunstâncias por seu veredito decisivo, então preparando a linha para mais decisões (solução? Resolução?). Estando em desacordo com o mundo objetivo, o espírito humano em seu desacordo já o muda, e ainda que as consequencias de seu veredito não venham nesse caso, ele nunca estará morto. E exatamente esse espírito que move a história, a sociedade e a vida humana. 
 Qualquer bem material, qualquer potencialidade em desacordo com o espírito, a vontade e a aprovação moral será inútil e impotente. E conhecemos exemplos onde civilizaçoes inteiras negaram direitos às coisas materiais em serem considerados os verdadeiros valores, pelo contrário, colocaram os verdadeiros valores dentro do domínio espiritual – nos mundos da contemplação, divindade, fé, asceticismo. Inversamente, a presença da escolha moral é capaz de trazer uma completa falta de recursos e meios ao seu oposto, a construir um império sem fim começando com o mínimo de capital, cobrindo uma vasta área da existência material. O espírito humano pode fazer tudo. 
É por isso que a Aliança Global Revolucionária deve estar pronta a começar sua luta contra a oligarquia global desde qualquer ponto – de um indivíduo em separado, pequeno grupo de pessoas, até movimentos, partidos, e assim aos confins de comunidades religiosas, sociedades inteiras, nações e civilizações. Se pode entrar em uma batalha não tendo nada, com base de uma estimativa negativa da atual situação e descontentamento radical, insatisfação com o que ocorre. E pode depender da estrutura existente de qualquer escala. Recursos para implementação de atividades de revolução global, para uma guerra planetária total deve ser traçada de todo canto, não importando sobre sua fonte ou destino. Aqui cabem todos – grande e pequeno, armas tradicionais e novas tecnologias,infraestruturas de estados inteiros ou plataformas internacionais, criatividade de indivíduos isolados, heroicamente se aliando à luta contra a besta oligarca global. Apenas o espírito move a história humana. No espírito, em sua doença, em sua fraqueza, em seu declínio, em seu assombro devemos olhar para a raíz da atual patologia, e essa deve ser curada somente pelo espírito.

Parte 7. Imagens do Futuro: a Dialética das Múltiplas Normas


1. O futuro só será possível se conseguirmos destruir o mundo existente e fazer a norma uma realidade. Cada segmento da Frente Anti-americana, cada elemento da Aliança Global Revolucionária tem sua própria visão de futuro, sua própria norma. Deve-se supor que estas imagens e estas normas são diferentes, díspares, e até mesmo mutuamente exclusivas. Mas esta circunstância será importante apenas se essas normas e as imagens do futuro são realizadas como algo universal e obrigatório, algo que é exclusivo e exclui todos os outros imperativos comuns a toda a humanidade. Neste caso, a divisão no seio da Aliança Global revolucionária é, mais cedo ou mais tarde inevitável, e, portanto, sua atividade está fadada ao fracasso em algum momento. Os muçulmanos, ateus, cristãos, socialistas, anarquistas, libertários, conservadores, fundamentalistas, sectários, progressistas, ambientalistas, ou tradicionalistas dificilmente vai se darão bem uns com os outros, se eles tentam espalhar a sua visão do futuro para os seus vizinhos, e consequentemente, a toda a humanidade. E a oligarquia global irá tirar proveito imediato disso, martelando uma barreira entre os adversários, que irá dividir a sua solidariedade e vai matar ou estrangular cada um individualmente. 
Considerando a absoluta simplicidade e primitivismo de uma tal estratégia, tem invariavelmente e sistematicamente dado um resultado positivo para aqueles que têm usado nos últimos milênios. A Aliança Global Revolucionária não tem direito de sucumbir a tal reviravolta de eventos pré-programada e antecipada. A capacidade de extrair conhecimento da história e criar uma estratégia baseada no pensamento racional é um atributo essencial de uma pessoa inteligente. Assim, para que a guerra para tenha sucesso, a Aliança Global Revolucionária deve evitar essa armadilha iminente. Com imagens diversas e díspares do futuro, devemos aprender a imaginá-los em seu local, ao invés de um contexto universal. Islã para os muçulmanos, o cristianismo para os cristãos, socialismo para os socialistas, ecologia para os ambientalistas, o fundamentalismo para os fundamentalistas, a nação para os nacionalistas, anarquia para os anarquistas e assim por diante - que deve ser a maneira de conceber o futuro. Isto significa que tem de reconhecer a multiplicidade, a pluralidade de futuro, a sua variabilidade, bem como a coexistência de concepções diferentes do futuro em diferentes territórios contíguos ou não contíguos. 
A Aliança Global Revolucionária se opõe ao futuro único, comum a todos, mas representa um ramo de futuro, para a humanidade ser alimentada com uma variedade de tons e cores, formas e variações, horizontes e balizas áreas direcionadas à frente ou o retorno para as raízes. Mas, para alguns desses futuros alternativos se realizarem, a ajuda de outras forças - os que estão determinados a ver o futuro de uma forma diferente - é necessária. Esta é a principal descoberta da estratégia revolucionária do século XXI. Ninguém recebe o seu próprio futuro se rejeita a idéia de que os outros vão ter o seu próprio futuro, bem como, diferente da de qualquer outro, sua norma própria, e seu próprio horizonte. O futuro vai se tornar real e livre somente se todas as nações e culturas, todas as civilizações e os movimentos políticos, todos os estados e indivíduos separados conseguirem acabar com a hegemonia americana, a oligarquia global, e do sistema financeiro. E isso só pode ser feito combinando os esforços de todos aqueles que estão descontentes. Ninguém deve ser excluído da Aliança Global Revolucionária. Todos aqueles que se opõem ao status quo e que vêem a raiz de todo mal no liberalismo, do globalismo e americanismo devem ser tratados como participantes de potenciais da nossa frente comum. 
2. O futuro deve basear-se no princípio da solidariedade, em sociedades como unidades holísticas orgânicas. Cada cultura vai dar sua própria resposta a uma determinada forma espiritual e religiosa. Essa forma será diferente em cada caso. Mas elas terão algo em comum. Não há tais culturas, religiões e estados, que elevam a matéria, dinheiro, conforto físico, a eficácia mecânica e prazer vegetativo para o valor mais elevado. A matéria pode nunca recuperar a sua própria forma, porque é sem forma. Mas é precisamente este tipo de uma civilização totalmente materialista que está sendo construída em uma escala global pela ologarquia, explorando os estímulos mais vis e tangíveis, e os impulsos mais primitivos da humanidade. Nas profundezas mais obscuras da alma, estão as mais vergonhosas, semi-animais, semi-demoníacas energias adormecidas, tendendo à matéria, a fim de fundir-se com o ser orgânico, físico. 
Estas energias indolentes, resistentes ao fogo, à luz, à concentração e elevação, são a espinha dorsal mais explorada pelo sistema global, que ele cultiva, com o qual vagueia, e que ele celebra. Esse abismo da alma, ou a voz da fisicalidade, arrunia qualquer forma cultural, qualquer ideal, qualquer normativa, qualquer que seja. Isto significa que, ao longo da história vem a um ponto, o eterno retorno do ciclo de consumo começa, assim como a corrida para os prazeres materiais, o consumo de simulacros e de imagens irracionais. É desta forma que as sociedades perdem o seu futuro. 
Cada cultura se opõe a esses apetites mais básicos, as energias de entropia espiritual e decadência, mas o faz à sua maneira e marca as coordenadas para as suas próprias normas, suas idéias, e seu espírito. E apesar do fato de que os traços e configuração dessas formas e ideais são diferentes, todos eles têm uma coisa em comum – de fato, como é o caso quando nós estamos falando sobre a forma, em vez de substância, sobre uma idéia, ao invés de fisicalidade, sobre a norma e esforço, ao invés de dissipação, entretenimento e libertinagem. Portanto, a imagem do futuro é comum em toda a sua diversidade, e para alcançá-lo, todos os elementos da Aliança Global Revolucionária devem lutar contra a oligarquia global. Em todos os casos, é a forma, ao invés de deformidade, uma idéia, ao invés de matéria, algo que eleva o espírito humano, ao invés de afundar no abismo do vazio físico entrópico inercial. No coração de qualquer norma suporta o bem comum, verdade e beleza. Cada nação tem seus próprios ideais - geralmente bem diferentes. No entanto, eles compartilham a visão de que são estes que são os ideais, e não qualquer outra coisa. A oligarquia mundial destrói todos esses ideais, não deixa serem acolhidos. Ao fazê-lo, priva todas as sociedades do futuro. 
3. Esses ideais devem ser conquistados na guerra e fortificados no fogo da revolução. Isto não ocorrerá simplemente por si mesmo. Essa é a razão pela qual a revolução contra o mundo global americano não é apenas um detalhe ou um acidente, mas o trabalho da história, o movimento do qual é bloqueada por certas forças. Estas forças não se retirararão por si só, não vão se afastar, e não darão chance para as energias de existência. Estamos no fim da linha histórico e civilizacional. A estrutura desse fim de linha é tal que ambas dimensões objetivas e subjetivas pressupõem que o bloqueio é de forma deliberada e egoista mantido por um fenômeno histórico e, ao mesmo tempo, anti-histórico – a oligarquia global. A fim de abrir as portas para o futuro, é necessário explodir a barreira que fica em seu caminho. Sem guerra, sem vitória. Sem vitória, sem futuro vindouro. Ao contrário da natureza, onde o sol nasce todas as manhãs, por si só, o início da aurora da história humana depende diretamente da eficácia e do sucesso da luta contra as forças das trevas - a oligarquia mundial, os Estados Unidos e o capitalismo global. Só depois de arrancada a elite global existente, o curso da história pode se mover para a frente, de onde ele ficou preso hoje. O futuro só pode ser criado na guerra e nascido do fogo da Revolução Global. Guerra e Revolução são um despertar. O dia é o tempo dos despertos. Enquanto isso, a oligarquia mundial faz todo o possível para garantir que a humanidade continue adormecida, e visa garantir que nunca acorde. Para esta fim mesmo, um mundo artificial virtual está sendo criado, onde a noite dura para sempre, e o dia é representado em simulação electrônica refinada. Este mundo deveria ser explodido. 
4. O projeto do futuro deve ser contemplado e criado abertamente. Povos e das sociedades devem selecioná-lo, mas não recebê-lo como algo imposto. Assim, a Aliança Global Revolucionária deve agradar a todos e para todos, que deve divulgar tudo sobre suas metas e objetivos e os seus horizontes e seus planos. A Aliança Global Revolucionária não deve procurar impor ou conceder nada a ninguém. A Aliança Global Revolucionária não promete nada, não instiga, e não leva a um lugar que só é claro para a própria Aliança, mas que permanece um mistério para todos. Tais táticas não nos darão o resultado desejado. A Aliança Global Revolucionária insiste em um despertar universal, sobre a mobilização total, a perfuração e conscientização geral da catástrofe que se abriu e está ganhando força, e na construção de um novo mundo transparente - aberto a todas as pessoas – na sua fundação dramática. Devemos dizer a verdade às pessoas: o estado da humanidade é horrível, o auto-diagnóstico é altamente decepcionante. Sim, esta é uma doença, uma doença grave, profunda e implacável. Mas... curável. Ele é curável se for reconhecida como uma doença, considerada como tal, e se houver a vontade de mudar a situação e para encontrar o horizonte de recuperação. Para encontrar a saúde, é necesário se reestabelecer. Para recuperar, temos de perceber que estamos seriamente doentes. E o primeiro passo para a recuperação será identificar onde a doença nos leva, e quais são seus principais veículos. Os registros de casos estão localizados na cultura ocidental moderna e seu prelúdio histórico. 
 O portador da doença, parasitária sobre o seu desenvolvimento bem como as células tumorais em tecidos sadios, é oligarquia global, o mostro estatal Americano, a ideologia do liberalismo, viciosa em seus fundamentos, sua rede mundial de agentes de influência, servindo a interesses do império do mal em todas as sociedades, incluindo aqueles que foram capazes de manter pelo menos imunidade parcial a esses malignos vírus corrosivos. Os médicos sabem que sem a vontade do paciente, a recuperação não é possível, e nenhum truque ou método externo vai ajudar. Portanto, os principais aliados da Aliança Global Revolucionária são as próprias pessoas, sociedades, culturas, toda a humanidade, que são simplesmente obrigados a acordar e se livrar da escória sanguessuga oligarca liberal norte-americana. Redefinir e começar a viver uma vida plena - de acordo com a própria vontade e confiar em nossa própria mente. Só então a missão da Aliança Global Revolucionária será realizada, e não deixará de ser uma necessidade para ela. Em seu lugar virá o futuro, que a humanidade vai escolher para si, e que ele vai fazer livremente com suas próprias mãos. Se criará a si mesmo, só por si, e apenas por si só.

Fonte: Legio Victrix